Após nove anos em Bérgamo, a história de Gian Piero Gasperini na Atalanta está perto do fim, com o treinador encaminhado para assumir a Roma na próxima temporada. O trabalho do técnico revolucionou os orobici e é possível afirmar que existe um antes e um depois em relação à sua passagem.
Gian Piero Gasperini assumiu as rédeas na temporada 2016/17 e era já considerado um treinador experiente, mas com passagens por clubes 'menores', tais como Crotone, Palermo e Genoa. O italiano teve também um trabalho longevo ao serviço dos rossoblu, tendo realizado boas companhas durante os sete anos - com duas passagens distintas - que esteve em Génova.
Em 2011, Gasperini teve sua primeira experiência ao leme de um grande na Itália. Ficou apenas três meses no comando da Internazionale, tendo sido demitido após um início de temporada sem vitórias.
Em Bérgamo, finalmente, lutou por grandes coisas, e já na primeira temporada, o treinador italiano levou a Atalanta ao quarto lugar da Serie A. Nunca na história a Dea tinha ficado entre os quatro melhores clubes de Itália, independente do formato da competição nacional.
Para ajudar a contextualizar, vale a pena relembrar os anos anteriores dos orobici. O clube, fundado em 1907, conquistou apenas títulos de segunda divisão em toda a sua história. Na elite, nos seis anos anteriores à chegada de Gasperini, terminou sempre na segunda metade da tabela.
Com Gasperini, porém, o cenário mudou. Não apenas em resultados, mas também na forma de jogar, transformando a Atalanta em uma das equipas mais charmosas e de jogo bonito do futebol italiano, assente na coesão defensiva e transições ofensivas rápidas e letais.
Desenvolver jovens da formação, implementar uma filosofia de jogo ofensiva e competir de igual para a igual contra os grandes eram os pilares do início de trabalho do comandante por lá.
Assim, Gasperini lançou jogadores que hoje brilham em gigantes da Europa, como Bastoni, na Internazionale, Romero e Kulusevski, no Tottenham, entre outros nomes que alcançaram voos mais altos, como Hojlund e Kessié.
Relativamente à prestação no campeonato, a Atalanta de Gasperini ocupou somente a primeira metade da tabela e lutou pelo top-4 durante seis temporadas. O conjunto de Bérgamo terminou no terceiro posto em 2018/19, 2019/20, 2020/21 e, agora, em 2024/25, lutando de forma série até ao final pelo título.
Ainda assim, o grande momento de Gasperini aconteceu há pouco mais de um ano, quando o clube italiano foi o grande campeão da Liga Europa, superando o Bayer Leverkusen por 3-0 na final. Nessa campanha, o emblema italiano eliminou nada menos que o Liverpool nos quartos da prova (e com uma aula de futebol). Na ocasião, oGol contou a relação entre Gasperini, o clube e o povo.
Desafio na Roma
Findada a temporada, e com a saída de Claudio Ranieri no horizonte, a Roma apresentou uma oferta de 21 milhões de euros por três temporadas para seduzir Gasperini a encerrar o seu ciclo na Atalanta depois de nove anos.
O que o emblema da capital espera é que Gasperini seja o treinador a fazer o clube dar um salto e voltar ao topo da Itália, algo que nem mesmo José Mourinho conseguiu. A diferença está no estilo de jogo, com o italiano a poder potencializar um conjunto que conta com média de idade de 24,4 anos.
Na Roma, Gasperini vai encontrar uma boa base para montar a sua equipa. Com um guardião em alta, laterais de muito apoio e um plantel que pode ser muito veloz. No meio-campo, Dybala tem se destacado época após época e no comando do ataque, Tammy Abraham já mostrou que pode ser um dos grandes avançados da Serie A.
No âmbito nacional, os giallorossi não conquistam um título desde a temporada 2007/2008, altura em que conquistaram a Taça e a Supertaça de Itália. Já em competições internacionais, em 2022, sob comando de José Mourinho, trouxeram o título da Conference League para Roma.
A curto prazo, Gasperini pode ser o treinador a levar os italianos de volta para a Liga dos Campeões, na qual clube não participa desde a temporada 2018/19, quando caiu nos oitavos.
Atalanta procura substituto
Depois do término da relação com Gasperini, a Atalanta agora precisa de um novo treinador. As conversas ainda são embrionárias, mas o nome de Maurizio Sarri surge como favorito para assumir a cadeira, apesar do interesse da Lazio.
Sarri está sem clube desde março de 2024, quando deixou os biancocelesti, onde ficou por quase três temporadas. No entanto, o clube da capital gostaria de trazer de volta o treinador após viver uma temporada aquém do esperado e não se classificar para nenhuma competição europeia. Assim, a Atalanta teria concorrência.
Na dança das cadeiras do futebol italiano, com quase todas as grandes equipas perto de oficializarem as saídas dos respetivos treinadores, Sarri é um nome no mercado.
Treinadores que fizeram temporadas surpreendentes em clube de menor tamanho, como Fàbregas no Como, e Vicenzo Italiano no Bologna, certamente estão em pauta. Mas o futuro em Bérgamo ainda não está definido. A expectativa é por uma nova era.