O começo está feito. A ronda preliminar do Campeonato do Mundo de andebol deu-se por terminada com os embates desta segunda-feira. O rescaldo ressalva poucas surpresas e vários prognósticos confirmados, com os favoritos a selarem a passagem ao “main round” da prova. Não foi, de facto, um conjunto de jogos que alegrasse o adepto que mais aprecia uma história de David e Golias.

Com este formato, o IHF World Championship divide as primeiras fases de competição em duas rondas de dois grupos diferentes. Primeiro, a ronda preliminar distribuiu as 32 equipas em oito grupos, com as três primeiras a avançarem para o “main round”. Nesta segunda fase, cada seleção leva consigo os pontos resultantes dos duelos frente às restantes equipas apuradas. As “lanternas” da primeira fase seguem para a President’s Cup, todas elas com zero pontos.

No “main round”, os grupos constituem-se por seis equipas, todas elas na disputa por um lugar nos quartos de final. Desta vez, cada um dos quatro grupos apura duas seleções para a fase eliminar.

Heróis do mar navegam em pleno

Não haveria melhor início de competição para Portugal do que aquele que se verificou. Três vitórias no mesmo número de jogos e o topo do grupo E, começando com um triunfo que, apesar de uma exibição lusa cinzenta, serviu para confirmar o favoritismo, diante dos Estados Unidos da América. 30-21 foi o resultado.

Seguiram-se duas vitórias em dois confrontos complicados. Primeiro, frente a um Brasil que se havia superiorizado diante da Noruega. Discutiu-se o resultado em bom português de ambos os lados e, no final, o dialeto da Europa prevaleceu (30-26).

Com a presença na fase seguinte assegurada, bastava definir o número de pontos na bagagem portuguesa. Dois já estavam, com mais um par por atribuir.

Portugal e Noruega encararam-se de frente e nunca deixaram o adversário conquistar uma vantagem confortável. A pressão de jogar diante de uma casa cheia de adeptos noruegueses pesou à seleção nacional, vendo-se atrás no resultado durante um largo período da segunda metade. Ainda assim, valeram as exibições de Salvador Salvador, no ataque, e de Gustavo Capdeville, na baliza, para os heróis do mar fecharem a contagem em 28-31 e, assim, cumprirem o registo 100% vitorioso.

Agora, os caminhos lusitanos cruzam-se com os do grupo F. Portugal, Brasil e Noruega juntam-se com Suécia, Espanha e Chile para formar o grupo III do “main round”. Disputa-se, agora, o acesso aos quartos de final.

A seleção parte para esta fase no topo da tabela, com quatro pontos, seguido da Suécia e da Espanha, com três. O ponto de partida é ideal para Portugal, mas esperam-se embates de extrema dificuldade para o conjunto orientado por Paulo Jorge Pereira, frente a dois históricos da modalidade.

“Tricampeões” parece pouco

O andebol praticado pela Dinamarca encanta e não deixa dúvidas. Várias armas ofensivas catapultadas por um jogo rápido e explosivo, com várias transições e, acima de tudo, muitos golos. Terminaram a ronda preliminar como o melhor ataque, com 118 tentos, e a defesa mais difícil de quebrar, permitindo apenas 63 golos adversários.

Ora, mesmo admitindo que os primeiros jogos da turma Escandinávia não foram diante de seleções candidatas ao título, as exibições das estrelas dinamarquesas e a dinâmica coletiva desta seleção colocam-na como favorita à conquista do Campeonato do Mundo. Confirmando-se, será a quarta consecutiva.

A surpresa do torneio

Pelo grupo B não se contam apenas histórias de tubarões da modalidade. Tivemos, também, a seleção que mais surpresa causou na ronda preliminar: a Itália.

A seleção italiana terminou no segundo lugar, caindo apenas perante a Dinamarca, e segue para o a próxima fase com dois pontos. Ora, avizinham-se duelos em que os seus adversários partem com favoritismo, mas os resultados da Itália são dignos de destaque.

Numa perspetiva individual, valeram as prestações de Leo Prantner. O mundo passou a conhecer o nome do ponta direita, principalmente depois de registar 17 golos nos seus dois primeiros duelos na competição. Em ambos, a Itália saiu vencedora.

O MVP da ronda preliminar

Torna-se difícil destacar um jogador como o MVP com uns meros três jogos no cardápio. Várias estrelas tiveram a oportunidade de brilhar na primeira fase de competição, nomeadamente Renars Uscins e Andreas Wolff (Alemanha), Mathias Gidsel (Dinamarca) e Rutger Ten Velde (Países Baixos).

Ainda assim, a segurança de Viktor Hallgrimsson na baliza da Islândia vale o título de destaque desta fase. Nos três jogos disputados, o guardião islandês registou sempre percentagens de defesa superiores a 40%. No total, impediu 31 golos dos adversários, fora outros tantos remates falhados (para fora da baliza ou impedidos pelo poste) nos minutos em que esteve em campo.

No principal confronto da ronda preliminar, frente à Eslovénia, Viktor Hallgrimsson fez 15 defesas em 33 remates. Registou, assim, uns excelentes 45.5% de eficácia entre os postes da formação islandesa, impondo aos eslovenos o seu jogo com menos golos marcados em onze participações em campeonatos do mundo. Naturalmente, Hallgrimsson levou o prémio de “Player of the Match”. Agora, a Islândia segue para o “main round” com quatro pontos somados, os mesmos que o Egito, com quem partilha a liderança do grupo.