O coordenador técnico nacional da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Óscar Tojo, considera necessário uniformizar métodos entre o organismo federativo e as associações regionais para fomentar uma "identidade nacional" na conceção técnica e tática do jogo.

Há cerca de um mês no cargo, o fisiologista especializado em alto rendimento visitou as 22 associações regionais de futebol no país e deparou-se com a falta de contacto entre a estrutura nacional e os coordenadores técnicos regionais, que têm "total liberdade" para implementar medidas sem comunicação prévia, situação que espera ver alterada.

"Começámos esta ronda no dia 30 de maio. Foram 21 dias em que percorremos as 22 associações. Senti algum afastamento em relação à estrutura profissional dos coordenadores técnicos. Senti também que não existe um critério de uniformidade em relação a algumas atividades que me parecem importantes uniformizar", afirma Óscar Tojo, em entrevista à Lusa.

Convidado pela FPF para trabalhar em articulação com o diretor técnico nacional, Domingos Paciência, o responsável vinca que as associações se querem "sentir mais interligadas e fazer parte de uma ideia nacional" no desenvolvimento do futebol, defendendo um trabalho em rede.

"Que, no futuro próximo, possamos ter uma identidade nacional de norte a sul do país, passando pelas ilhas, para que possamos comunicar da mesma maneira e sabermos o que estamos a fazer em cada uma das regiões, e o porquê de o estarmos a fazer", complementa.

Antigo fisiologista da seleção masculina de sub-21, entre 2022 e 2023, e do FC Porto, na equipa técnica liderada por Vítor Bruno, na primeira metade de 2024/25, Óscar Tojo também quer "unificar o trabalho" do futebol, do futsal, do futebol de praia e do 'walking football', assim como restruturar as áreas de scouting e inteligência desportiva.

O coordenador técnico adianta também que a "nova estrutura técnica nacional", que inclui os selecionadores dos vários escalões, vai ser conhecida a partir de terça-feira, dia em que começa oficialmente a época 2025/26.

A formação de treinadores, salienta Óscar Tojo, é uma área em que a FPF pode ter "um efeito catalisador", contribuindo para "aumentar a oferta formativa" dos cursos que garantem a licença UEFA A [níveis dois e três] e para consolidar a oferta da licença UEFA Pro [quarto nível], obrigatória para se treinar numa divisão principal de clubes.

"Tem existido um contacto muito próximo com a UEFA para que a oferta formativa UEFA Pro se possa consolidar num futuro próximo, apesar de não termos aí tanta legitimidade como acontece como na UEFA A. Só vamos conseguir implementar aquilo que seja autorizado pela UEFA", refere.

O responsável também espera reunir-se com os clubes mais representados nas seleções nacionais em julho no sentido de "partilhar informação" para que as transições entre provas de clubes e provas de seleções ao longo de uma época criem o "menor ruído e o menor impacto possível" nos jogadores.

Convencido de que Portugal é "um país muito especial em relação ao futebol", quer a nível cultural, quer pelo talento que desenvolve, Óscar Tojo acredita que feitos como o da seleção masculina sub-17 de futebol, campeã europeia neste ano, se podem repetir "num futuro próximo".

"Em Portugal, existe muito talento. Se a oferta em termos técnicos, em termos metodológicos e de instalações desportivas for de qualidade, é natural que este talento possa ser cada vez mais potenciado. Se este talento está a ser cada vez mais potenciado, estamos muito mais perto de repetir feitos como os que aconteceram neste ano, com os sub-17", perspetiva.