
Rui Borges, treinador do Sporting, em declarações na conferência de imprensa depois da conquista da Taça de Portugal, conseguida com uma vitória sobre o Benfica, no prolongamento.
Chega ao fim de uma época muito difícil com a dobradinha. Tem mais sabor assim?
- As dificuldades existem, só não me agarro a elas. É algo que acontece em todo o lado e temos de as transformar em oportunidades. Foi o que fiz quando cheguei ao Sporting. E depois foi fazer acreditar os jogadores que eram campeões nacionais e podiam voltar a ser. Temos de agradecer tudo o que a vida nos dá e transformar tudo o que é menos bom em coisas boas. É essa a minha forma de encarar a vida.
Que análise faz do jogo?
- Foi um jogo muito competitivo como todos contra o Benfica. Entrámos bem nos primeiros 15 minutos, depois do lance do VAR [penálti anulado ao Benfica], desconcentrámo-nos e o adversário teve maior controlo do jogo. Na 2.ª parte queiramos ser mais fortes nos duelos, estávamos a ser algo fofinhos nesse capítulo. O Benfica veio com estratégia diferente de todos os seus jogos, bateu de frente com o no nosso sistema e as referências ficaram muito diretas. Não entrámos bem na 2.ª parte, andámos meio perdidos, mas depois o Benfica agarrou-se ao resultado. Mais do que estratégico, mas deram-nos mais bola, porque isto é uma final e havia um troféu em disputa. A equipa foi crescendo e acreditando que podia chegar ao empate e conseguiu graças à alma que tem.
O Sporting não criou muitas oportunidades...
- Faltou-nos mais qualidade no último terço e por vezes abusámos do Viktor [Gyokeres] e às vezes não o ajudamos, porque o obrigamos a desgastar-se muito. Mas também é algo normal por tudo o que ele nos dá.
Bruno Lage queixou-se da arbitragem. O que tem a dizer sobre isso?
- Não vou entrar por esses caminhos. O jogo ficou 3-1. É justíssimo. O resultado fala por si.
Lage também disse que Benfica foi a melhor equipa até aos 90+9. Concorda?
- Para responder a isso vou citar aquilo que ouvi ontem o capitão do nosso adversário a dizer: mais jogo, melhor jogo, menos faltas. Menos perder tempo. É assim que eu respondo.
O que disse à equipa ao intervalo?
- A linha defensiva esteve muito bem. Pedi para ser mais proativa quando as bolas vinham para trás e a encurtar a distância na linha média para não haver tanto espaço nas costas, que o Inácio depois precisava de correr mais para fechar.
Numa época com muitas lesões, Trincão foi um dos jogadores mais regulares e resolveu a final já muito cansado.
- O Trincão foi um dos que se safou das lesões. Deixa-me cheio de orgulho. Sempre foi um grande jogador, fico feliz por ele bater a melhor época. Quando ele ia a entrar pedi-lhe para resolver o jogo, porque ele merece e tem essa capacidade. Ele nunca parou, mesmo estando muito cansado. Partiu a mão e continuou a jogar, nunca o ouvi queixar-se. É um jogador muito inteligente também e dos melhores em termos de leitura tática. Agora está a conseguir aliar a parte técnica à estratégica.
Que balanço faz destes meses no Sporting?
- Em termos pessoais, não podia pedir mais, só se fosse a Taça da Liga também. Mas estivemos em todas as decisões. Isso só nos pode orgulhar por todo o nosso caminho. O nosso trabalho tem respondido sempre por nós. Nunca ganhei nos últimos clubes por onde passei. Ou seja, não foi por isso que vim para o Sporting. Vim porque viram equipa competente, com boas ideias. E somos boas pessoas, e isso é o mais importante. Tenho a certeza de que os valores me foram bem dados. Quero dedicar também aos meus pais que estiveram aqui presentes.