“Hoje é um dia importante para o Sport Lisboa e Benfica, para a cidade de Lisboa, para o país e para o universo benfiquista”. Foi com esta frase que Rui Costa iniciou a apresentação do Benfica District, projeto de elevada ambição que promete cara lavada para a área circundante do Estádio da Luz, com a renovação exterior do recinto e a construção de novas valências desportivas, onde se destacam uma arena com capacidade para 10 mil pessoas, dois pavilhões desportivos, um campo relvado e uma pista de atletismo, além de piscina comunitária, uma unidade hoteleira, comércio e restauração.

Tudo para estar pronto, frisou Rui Costa, para o Europeu feminino de 2029, para o qual Portugal é ainda apenas candidato, e para o Mundial de 2030, que Portugal vai organizar em conjunto com Espanha e Marrocos.

No discurso inicial, Rui Costa falou “do início da criação de uma nova centralidade, bem à dimensão do Benfica”, prometendo também estar o clube a trabalhar “numa solução para aumentar a capacidade” do Estádio da Luz “para 80 mil pessoas”.

“É um projeto estudado e trabalhado para ser sustentável, para acolher grandes eventos internacionais, sem qualquer impacto na nossa capacidade na nossa dimensão desportiva”, assegurou ainda o dirigente e candidato a novo mandato na presidência do Benfica nas próximas eleições, em outubro.

A dimensão de cidade e da revigoração do espaço urbano para uso dos lisboetas durante todo o ano foi um dos motes do discurso de Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que sublinhou o impacto desportivo, mas também cultural do projeto. “Não é apenas um projeto do Benfica, é um projeto de Lisboa”, sublinhou, agradecendo ao clube o reforço “da oferta” de equipamentos desportivos da cidade. “Teremos um novo teatro para a cidade, uma sala de espectáculos de 10 mil lugares, é muito importante”, apontou ainda o edil.

Projeto a ser pago em 15 anos

Mas sendo já desde a manhã desta terça-feira do conhecimento do público as traves mestras do projeto e o que vai mudar na face da zona, faltavam os pormenores. Que palavra terão os sócios, para mais, com eleições à porta? E quais são os custos associados ao projeto?

Rui Costa garantiu que o clube está “aberto a ideias e sugestões” para que a obra se torne “ainda mais gloriosa”, anunciando que o site onde está alojado todo o projeto tem uma área onde os sócios se podem expressar. Terminado esse processo, o presidente dos encarnados diz que irá convocar uma Assembleia Geral “para que os sócios de pronunciem”. E assegurou ainda que a ideia de uma Cidade Benfica, uma das promessas para o mandato, não morre com a chegada do Benfica District. “Temos feito muitos contactos para definir um terreno, próximo do Estádio da Luz, no qual seja possível materializar esse sonho, o de juntar no mesmo local campos para formação, pavilhões para as modalidades, pistas de atletismo, piscinas e academia para o râguebi”, apontou, prometendo “boas novidades” para “muito em breve”.

Quanto aos custos, coube a Nuno Catarino, responsável financeiro do clube, explicar as implicações financeiras de um projeto que vai custar 220 milhões de euros e será “100% do Benfica”.

O CFO encarnado sublinhou que o financiamento será “feito em Project Finance”, uma modalidade utilizada geralmente para obras de grande dimensão, onde a dívida é paga pelos lucros do próprio projeto, a ser pago em 15 anos. O projeto foi “desenhado para ter contributo positivo a partir do primeiro ano de operação”, garante. Nuno Catarino referiu que o financiamento será feito por “entidades internacionais” e que o Benfica já abordou “duas grandes casas que financiaram grandes projetos a nível mundial”.

“Estamos confiantes que este projeto seja financiado e que vamos conseguir avançar desta forma”, apontou

A receita prevista é de 37 milhões de euros anuais, com 24 milhões de euros de margem de contribuição, valores que serão gerados pelos espaços desportivos, pelo polo cultural criado e pela exploração comercial de hotéis, lojas, espaços de hotelaria, entre outros, conforme se podia ler num diapositivo mostrado durante a apresentação. “O projeto é autossustentável a nível financeiro”, garantiu Nuno Catarino.

Ainda que várias diligências já tenham sido iniciadas, a fase de licenciamento da obra está marcada apenas para novembro, após as eleições, que marcarão a continuidade ou o fim da era Rui Costa na Luz. Indo o projeto para a frente, as obras terão início no final da época 2026/27 e terão uma duração de cerca de dois anos.