
A delegação de Portugal aos Campeonatos da Europa de atletismo de pista curta, que decorreram entre quinta-feira e domingo últimos em Apeldoorn, nos Países Baixos, chegou a Lisboa esta noite de segunda-feira com quatro medalhas na bagagem, mais do que alguma vez conquistara numa participação nesta competição continental.
A aguardar os atletas no Aeroporto Humberto Delgado, onde comitiva aterrou proveniente dos Países Baixos, estiveram algumas dezenas de pessoas, que saudaram, entre outros, a lançadora do peso Auriol Dogmo, que ganhou uma das três medalhas de bronze. As outras pertencem a Salomé Afonso nos 3000 metros e a Isaac Nader nos 1500 metros, sendo que a meia-fundista obteve ainda uma de prata nos 1500 metros.
Dongmo, bicampeã europeia em pista curta, enfrentou contingências decorrentes da temporada de 2024 em que não competiu, tendo perdido, em especial, os Jogos Olímpicos de Paris, devido a fratura de uma perna, para alcançar mais um resultado de vulto em grandes competições internacionais.
«Não estava fácil. Dava para ver na qualificação. Nunca fico para o fim na qualificação. Mas meti na cabeça que não voltaria a Portugal sem medalha, fosse de ouro, prata ou bronze, teria de trazer uma medalha! Foi nesse objetivo que me empenhei. Graças a Deus, consegui a [medalha] de bronze, e estou muito feliz».
A lançadora, de 34 anos, referiu-se a ter tido um concurso de qualificação sofrido, em que teve de efetuar todos os lançamentos para garantir o apuramento para a final. «Foi tudo pela cabeça. Foquei-me para tentar acertar o primeiro lançamento, e por ter acertado, os restantes correram bem»
«A última medalha que me falta é a dos Jogos Olímpicos. Fiquei desanimada o ano passado, quando não consegui recuperar da lesão. Também houve algo que pouca gente sabia que me aconteceu... Tive um filho. Para mim, não perdi nada, tive uma medalha de diamante!», disse, emocionada, a campeã europeia em pista curta em Torun-2021 e Istambul-2023, e ainda campeã mundial em Belgrado-2022 e medalhada de prata ao ar livre em Munique-2022.
«Depois de uma lesão tão grave e de uma gravidez, voltar e logo conquistar uma medalha europeia, é muito bom, é demais. Esta medalha vale muito, vale mesmo muito!», reforçou a atleta, sempre com um sorriso nos lábios.
Jogos Olímpicos de Los Angeles são o maior objetivo a três anos: «Há muito a trabalhar até lá, para voltar ao topo, porque, claro, esse é o maior objetivo nos próximos anos», assumiu Auriol Dogmo.
Tristeza assumida ainda em Apeldoorn por não ter partilhado o pódio com a compatriota e companheira de equipa no Sporting, Jessica Inchude, que ficou na quinta posição na final. «Fiquei triste, sim. Porque a Jessica é uma miúda que merece. É uma menina muito dedicada, carinhosa, gosto muito dela. Mas não posso fazer nada, não posso ganhar por ela. Disse-lhe que ainda é jovem e que terá muitas oportunidades para chegar ao pódio nestas competições», conclui.