Arrancou, esta quinta-feira, oficialmente, o estágio anual do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol e, este ano, contou com uma grande novidade. Pela primeira vez, também conta com um estágio para jogadoras.

O dia arrancou na Sala de Conferências do Campus do Jogador, em Odivelas, casa do Sindicato, com Pedro Proença, presidente da FPF, e Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato, a destacarem-se a importância do projeto, da ligação entre as duas entidades e desta nova aposta no futebol praticado por mulheres.

«É um dia histórico. Pela primeira vez, em 23 anos, vamos ter um estágio para jogadoras. E isso é um orgulho enorme. O Sindicato foi das primeiras instituições a apostar no futebol feminino. É um dia histórico porque a FPF viu ser aceite a aposta de 22 milhões de euros para o futebol feminino. É fundamental estarmos alinhados», apontou Joaquim Evangelista.

Joaquim Evangelista, Proença e João Vieira Pinto @Francisco Paulo Carvalho - zerozero

«Ver esta plateia de jogadoras e jogadores é a verdade razão da existência do futebol. O futebol existe por causa das pessoas e vocês são a centralidade da existência do futebol- Uma palavra de agradecimento e reconhecimento. Se hoje temos grandes seleções, é porque existe um Sindicato com uma visão estratégica do futebol português», acrescentou Pedro Proença

A estes juntaram-se ainda vários nomes conhecidos do nosso futebol, como João Vieira Pinto, embaixador do Sindicato, Matilde Fidalgo, Micas antiga jogadora, ou os treinadores deste estágio, José Pedro, no masculino, e Isabel Osório, no feminino.

Pouco depois, os mais de 30 jogadores e jogadoras - veja a lista completa - passaram para o seu habitat natural: a relva.

Aí, dividiram-se entre género e iniciaram os trabalhos. Entre os atletas presentes, o grande destaque foi a estreia do avançado, formado no Benfica, Hildeberto Pereira, que esteve à conversa com o zerozero.

«Estamos sempre prontos para aprender. Venho para aprender, mas também para dar conselhos aos mais jovens, para que nunca desistam, para que venham aproveitar as oportunidades do Sindicato, mesmo os que estão em casa e têm dificuldade em arranjar clube. Venham mostrar a sua qualidade e mostrar às outras equipas que estão a treinar. Sei que sou o mais batido na Primeira Liga, mas venho para treinar, manter a forma e arranjar clube», afirmou.

Também o treinador José Pedro destacou a importância deste projeto: «Tenho mais experiência, já aqui estive no passado. Quando o Joaquim [Evangelista] me convidou, não podia dizer que não. Vir ajudar foi o meu objetivo, ajudar os jogadores sem clube. Têm a oportunidade e condições de estar aqui e quero prepará-los da melhor forma, para quando forem chamados estarem minimamente preparados. Do outro lado, acho que é importante tocar no lado social, porque o Sindicato dá essa possibilidade de os jogadores irem para outra área que não seja o futebol. Fazia todo o sentido de entrar neste projeto.»

Virando as atenções para a vertente feminina, a lista era menor, com algumas jogadoras a terem, inclusive, já clube, mas a aproveitarem para manter a forma nesta altura de paragem. Entre as presentes destacavam-se Sara Brasil, que terminou ligação ao Estoril Praia, e Bibocas, que findou ligação ao Benfica, passados sete anos.

A treinadora Isabel Osório, antiga internacional portuguesa e técnica de clubes como o Sporting (adjunta), Atlético Ouriense e Valadares Gaia (adjunta), esteve à conversa com os jornalistas e destacou a estreia do estágio para as mulheres e a importância destas iniciativas.

«Sendo a primeira vez, é importante dar esse pontapé de saída. Os homens vão na 23ª vez, nós, espero que seja a primeira de muitas. O objetivo passa, tendo em conta o contexto do futebol em Portugal, dar-lhes a oportunidade de, tendo em conta o tempo de paragem entre projetos, de adquirirem a forma desportiva necessária. Queremos prepará-la para o próximo desafio», explicou.

«Estágio é humano, humaniza o futebol»

@Francisco Paulo Carvalho - zerozero.pt

Ao longo das próximas semanas, jogadores e jogadoras realizarão uma série de treinos e jogos de preparação, mas não só. Afinal, além da vertente desportiva, o estágio do Sindicato prevê ainda uma série de módulos para preparar os atletas para a vida pós-futebol, seja ligada à modalidade - por exemplo a arbitragem - ou não - turismo, restauração, entre outros.

É esta variedade que permite ao Sindicato ter uma taxa de empregabilidade superior a 60 por cento dos atletas que por aqui passaram ao longo dos últimos 23 anos. Joaquim Evangelista destacou a importância do estágio, o «plano B» dos jogadores.

«Por aqui já passaram mais de mil jogadores. Temos, neste momento, 792 contratações. Quase 800 contratados. A taxa de empregabilidade está nos 62 por cento. Isto é obra. A maioria dos jogadores que passa aqui, arranja emprego. Costumo chamar a este estágio de plano B. Se têm condições de jogar futebol, continuam e vão mais bem preparados por causa do estágio. Se não têm, têm ferramentas para ir para outras áreas, porque têm módulos de outras atividades. Fazem uma transição mais equilibrada. O estágio tem esta dimensão. É humano, olha para os jogadores com as suas vicissitudes. Humanizamos o futebol», destacou o dirigente.

O estágio de verão do Sindicato realiza-se até ao próximo dia 29 de agosto.