
O industrial Martim Borges Coutinho Mayer apresentou, na quinta-feira e de maneira oficial, a candidatura à presidência do Benfica, afirmando ser contra a posição do clube e dos restantes candidatos acerca da centralização dos direitos televisivos.
“Os clubes precisam de aplicar as verbas que vão receber em infraestruturas que não têm ou precisam de ser melhoradas. O Benfica não precisa de o fazer, ou seja, em complemento com o valor que irá receber dos direitos televisivos, irá receber a verba para investimento, mas dispor dela como bem o entender. Isto assegura um montante igual ou superior ao contrato atualmente em vigor. Devemos liderar esse processo e darmos o nosso contributo para promover o futebol nacional”, afirmou.
Esta posição centra-se nas últimas notícias de que os encarnados solicitaram a suspensão imediata do processo, em carta enviada à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), tendo apoio de João Noronha Lopes ou João Diogo Manteigas. Já Cristóvão Carvalho, o outro candidato já anunciado, também se revelou contra a posição do clube neste processo.
Sobre os desejos para a sua candidatura, Martim Mayer assumiu pretender liderar “uma candidatura independente, livre dos interesses instalados, amarras e jogos de bastidores” que prejudicam e ferem a identidade do clube, pedindo “decência”.
“Temos todas as condições para estar na vanguarda do futebol mundial, os sócios não devem ter medo de o desejar, mas isso vai exigir a coragem de querer mais. O futuro do Benfica joga-se de uma forma decisiva nestas eleições. Sei estar à altura desta missão e preparei-me para a concretizar”, garantiu, durante o seu discurso na cerimónia que decorreu no Parque Mayer, em Lisboa.
O neto de Duarte Borges Coutinho, presidente do clube da Luz entre 1969 e 1977, elencou algumas das suas propostas para o mandato a que se candidata, entre as quais a criação do cargo de diretor-geral executivo para todo o futebol profissional.
“Há falta de estratégia, competência e vitórias. A nossa proposta criará a posição de diretor-geral executivo que pensará e coordenará toda a estrutura do futebol e, assim, tornar consistentes três vetores: política de compra e venda de jogadores, integração de jogadores da formação na equipa A - e sua evolução no clube com a devida retenção de talento - e plena coordenação entre as equipas A, B e sub-23”, apontou, apelando à contratação no mercado nacional de maneira “mais efetiva”.
Martim Mayer falou também das suas ambições de melhoria nas modalidades, na capacidade atual do Estádio da Luz, no sistema de bilhética, na valorização das casas do clube, na transparência financeira e disciplina orçamental e também nos sócios.
“Em 2009, tínhamos mais de 13 milhões de adeptos espalhados pelo mundo. Se cada adepto gastar 38,46 euros por ano com o clube do seu coração, o Benfica ia passar a dispor de uma receita de 500 milhões de euros. Temos de olhar para isto com toda a atenção, para potenciar as receitas do clube e melhorar drasticamente a sua performance desportiva, para além de aproximar, estimular e satisfazer essa necessidade que todos têm de viver o Benfica de perto”, sublinhou Martim Mayer.
Nas eleições do dia 25 de outubro, o industrial, de 51 anos, vai concorrer, pelo menos, com os advogados João Diogo Manteigas e Cristóvão Carvalho, e com o gestor João Noronha Lopes, que perdeu o escrutínio de 2020 para Luís Filipe Vieira.
O atual presidente Rui Costa ainda não revelou se avançará com uma recandidatura, depois de ter adiado uma posição oficial para depois do Mundial de clubes e antes do início da época. Mauro Xavier também tem sido apontado como eventual candidato, embora não tenha oficializado ainda qualquer intenção, tal como Luís Filipe Vieira, que poderá entrar na corrida à presidência que ocupou durante 18 anos, entre 2003 e 2021.