João Gabriel, antigo diretor de comunicação do Benfica, deixou elogios a Luís Filipe Vieira. Mensagem após a Assembleia Geral.

Foi através da rede social LinkedIn que João Gabriel, antigo diretor de comunicação do Benfica entre 2008 e 2016 deixou a sua opinião relativamente à Assembleia Geral do Benfica, que terminou com o chumbo do orçamento para a próxima época.

João Gabriel criticou os pedidos para antecipação das eleições e reforçou que o chumbo do orçamento foi operacionalizado por apenas 1% dos votos. A expulsão de Luís Filipe Vieira de sócio também foi abordada pelo antigo dirigente, que deixou críticas aos sócios e defendeu o antigo presidente do Benfica.

Eis a mensagem de João Gabriel na íntegra:

«A pequenez, a ingratidão e a amnésia de alguns na AG de ontem

Em democracia, só os votos decidem, e há no SL Benfica mais de 115 mil sócios com capacidade eleitoral. Ontem estiveram mil sócios na Assembleia Geral do Benfica. O que significa que, apesar das críticas, das vaias e das várias vezes que se ouviu a palavra “demissão”, esses mil sócios representam menos de 1% do universo eleitoral do Clube! Antecipar eleições respondia às preocupações da oposição? Creio que não. Nenhuma nova direção conseguiria tomar posse antes de Julho — demasiado tarde! Eleições em outubro, num cenário em que pode haver mudança de direção, também não são o ideal, mas como não há cenários perfeitos, é aquilo que teremos.

Alguém voltou ontem a reclamar – como já o fizeram em AG’s anteriores – a expulsão de Luís Filipe Vieira. Rui Costa respondeu que o assunto está no departamento jurídico. A minha pergunta é: porquê? Que haja sócios sem memória até posso entender; que a Direção do Benfica – nomeadamente esta – padeça de amnésia é mais difícil de aceitar.

Luís Filipe Vieira cometeu muitos erros, sem dúvida. O principal, no meu entender, foi querer baixar a dívida do Clube no ano em que deveria ter investido para ganhar o penta. Mas, sem ele, nenhum dos mil sócios que ontem foram à Assembleia Geral teria estado naquele pavilhão — ou possivelmente em nenhum outro —, porque o Benfica seria bem diferente… para pior! Vieira “salvou” o Clube, e o “salvou” aqui não é figurado — é literal.

Não me lembro de Vieira ter sido condenado em qualquer dos processos que envolvem o seu nome, razão pela qual não entendo sequer que o departamento jurídico do Clube seja chamado à liça. A ingratidão é um dos piores defeitos do ser humano e, já que esta Direção perdeu tanta coisa neste mandato, era legítimo esperar — no mínimo — que não tivesse perdido a memória.

Não sei se Vieira se irá ou não candidatar à presidência do Clube — preferia que não o fizesse —, mas é livre de o fazer. Equacionar, sequer, a hipótese de expulsar Vieira é mesquinho e revela apenas a pequenez de quem alimenta tal cenário.

Sei também que preferia que o Benfica tivesse apoiado Nuno Lobo para a FPF, em vez de apoiar Proença. Provavelmente Proença teria ganho na mesma, mas não teríamos ficado do lado errado da história! Nenhum projecto está dissociado da pessoa que o lidera. Rui Costa pelos vistos não o sabe!

Não vou comentar mais nenhum dos muitos outros temas abordados pelo Presidente Rui Costa na AG, mas há um aparte — e apenas um — que nem o melhor argumentista de ficção se lembraria, e não resisto a mencioná-lo.

Ficcionar é inventar, mas até os profissionais dessa arte sabem que não podem exagerar. Afirmar que o discurso de Nuno Lobo foi escrito por Vieira só pode ser entendido como uma tentativa de ofensa grave a Nuno Lobo. Se há coisa que todos sabemos, é que escrita não é — como nunca foi — o forte de Vieira, como não é o de Rui Costa. Quanto ao resto, que venha Outubro!