
À frente do Campeonato do Mundo pela primeira vez na categoria rainha, Álex Márquez procura em Doha algo mais do que consistência — quer finalmente saborear a vitória.
É uma liderança pouco comum no universo de MotoGP: um piloto que, ao fim de três rondas, se mantém no topo da tabela sem vencer uma única corrida principal. Álex Márquez, ao comando da Gresini Racing, chega ao Qatar com seis segundos lugares em 2025 — três nas corridas Sprint e outros três nos Grandes Prémios. Uma regularidade notável, mas também um sinal claro de que a vitória ainda lhe escapa.
Losail, no entanto, pode oferecer-lhe a oportunidade ideal. A pista do deserto já foi palco de primeiras vitórias para nomes como Casey Stoner, Enea Bastianini e Fabio Di Giannantonio. O traçado sob luz artificial tende a favorecer pilotos metódicos, e Álex provou em Austin que está a rodar no limite do seu potencial.
O desafio, contudo, é de peso. O seu irmão, Marc Márquez, perdeu a liderança após a queda no Texas e chega motivado para recuperar terreno — e com a Ducati de fábrica nas mãos, poderá impor um ritmo difícil de contrariar. Ainda assim, o histórico de Marc em Losail é discreto: apenas uma vitória na categoria rainha, em 2014, o que abre uma janela de oportunidade para Álex.
O regresso potencial de Jorge Martín é outro elemento a ter em conta. O campeão em título tem de passar ainda pelo exame médico de quinta-feira, mas caso alinhe à partida não seria de estranhar (totalmente), que desde logo tentasse mostrar por que razão utiliza o #1 na sua moto, ainda que seja de antecipar uma abordagem mais comedida, dada a atual situação e calvário que viveu neste arranque de temporada. Ainda assim os número são positivos para Martín, que já arrancou duas vezes da pole no Qatar e tem dois pódios no circuito.
Naturalmente não nos podemos esquecer de Pecco Bagnaia. Vencedor no GP das Américas, aproveitando da melhor forma a queda de Marc Márquez, o ex-campeão do mundo tem uma história intensa no circuito qatari: já venceu, já caiu, e soma pódios, mas pode ter tido o «clique» que lhe faltava em Austin, pelo o que não seria de estranhar que apareça como um dos favoritos à vitória final.
Certo é que Álex Márquez sabe que não terá vida fácil, mas o espanhol sabe também que nunca esteve tão perto de vencer na categoria maior. A pressão é grande, a concorrência feroz, mas se há palco onde os improváveis se tornam heróis, esse palco é Losail, e o #73 quer escrever finalmente o seu nome entre os vencedores.