Aves SAD e Santa Clara vivem épocas amplamente distintas e o duelo da jornada 21 ilustrou bem as diferenças entre os dois conjuntos. Uma equipa da casa com muitas dificuldades na criação de jogo encontrou um conjunto motivado, organizado e extremamente eficaz. 

Encaixadas quase na perfeição, fruto dos sistemas táticos idênticos (3x4x3), as duas equipas começaram o jogo algo tímidas, a tentar perceber os pontos fortes do adversário e onde podiam causar mossa. 

Foi, por isso, apenas na ponta final do primeiro quarto de hora de jogo que se viveu alguma emoção na Vila das Aves. Gabriel Silva apareceu na área e disparou cruzado com o pé esquerdo, a bola esbarrou com estrondo no poste e Ochoa acabou por agarrar. 

Instantes depois, o avançado brasileiro voltou a causar dores de cabeça à linha defensiva da formação de Daniel Ramos, com um remate que obrigou o guardião mexicano a fazer uma bela intervenção com a perna. 

Depois do ímpeto inicial dos açorianos, os avenses equilibraram a balança e tomaram conta da posse de bola, mas sem encontrar caminhos para a baliza do adversário. O Santa Clara esperava com serenidade e espreitava os ataques rápidos. 

Zé Luís teve uma boa oportunidade nos pés a abrir a etapa complementar e as bancadas animavam-se com a atitude da equipa, mas a esperança numa vitória morreu rapidamente. 

Quatro minutos letais dos açorianos deitaram por terra os esforços dos avenses. Primeiro, foi Ricardinho a disparar para o fundo das redes, após um lance confuso na área, na sequência de um livre cobrado por Gabriel Silva. Num primeiro momento, os avenses aliviam, mas a bola sobra para o número 10 dos açorianos, que não hesitou e rematou com potência na direção da baliza.  

Praticamente nem houve tempo para o Aves SAD esboçar uma tentativa de resposta, já que, aos 55’, Aderllan Santos tentou cortar um cruzamento venenoso de Lucas Soares do lado direito e acabou por trair Ochoa. 

Quatro minutos, dois golos, um jogo virado do avesso. A reação dos homens da casa foi ténue, até aos minutos finais, em que o recém-entrado Gerson Rodrigues reduziu e ainda deu esperanças aos adeptos, antes de Nenê disparar uma bomba de livre direto que fez tremer de susto os açorianos que se deslocaram à Vila das Aves. 

À exceção da resposta tardia dos avenses, o jogo foi confortável para o Santa Clara, que continua a protagonizar uma época surpreendente e a merecer o estatuto de equipa-sensação da Liga 2024/25. 

As reações dos treinadores

Daniel Ramos

Perante aquilo que foi o jogo, acho que foi um resultado demasiado penalizador para nós. O empate era perfeitamente aceitável, olhando para as oportunidades. Teriamos de ter levado pelo menos um ponto deste jogo. Não fomos eficazes, a sorte faz parte do futebol.

Vasco Matos

Primeira parte muito bem conseguida, acho que merecíamos pelo menos um golo. Na segunda parte não baixámos e entrámos fortes. Depois demos mais bola ao Aves SAD e a equipa soube sofrer, muito unida e deixa-nos muito felizes por mais uma vitória. 

As notas do Aves SAD: Ochoa (6); Nacho Rodríguez (5), Devenish (5), Aderllan Santos (4); Tomás Tavares (5), Jaume Grau (5), Lucas Fernandes (5) e Rafael Rodrigues (5); Lucas Piazon (6), Zé Luís (5) e John Mercado (5). Tunde (5), Fernando Fonseca (5), Gerson Rodrigues (6), Vasco Lopes (5) e Nenê (5).

As notas do Santa Clara: Gabriel Batista (6); Sidney Lima (5), Luís Rocha (5) e MT (5); Lucas Soares (6), Adriano Firmino (6), Serginho (6) e Calila (5); João Costa (5), Ricardinho (7) e Gabriel Silva (7). Matheus Pereira (5), Pedro Ferreira (5), Daniel Borges (-), Matheusinho (-) e Habraão (-).