
O Benfica teve um arranque de época muito positivo. Entre jogos a contar para a Liga Portugal Betclic, Supertaça e as partidas de qualificação para a Champions League, foram sete partidas consecutivas sem sofrer golos. Bruno Lage conseguiu, em conjunto com os seus pupilos, construir uma autêntica muralha.
A realidade é que tudo o que é bom acaba, já diz o ditado. A sequência de embates sem sofrer teria de terminar mais tarde ou mais cedo. O dia chegou, e contra o FC Alverca, no reduto dos ribatejanos, a Muralha da Luz foi derrubada. As águias não perderam o duelo contra os recém-promovidos (1-2), mas sofreram um duro golpe. Davy Gui foi quem impôs o término dos clean sheets encarnados.
Depois de defrontar equipas com um pedigree europeu, o clube de Lisboa acabou por colocar-se à mercê de uma equipa jovem e inexperiente no principal escalão do futebol luso. Alguma coisa de diferente aconteceu e as circunstâncias do momento foram, no mínimo... caricatas.
Odiar ou Amar Dedic: eis a questão
Os encarnados abriram uma vantagem de duas bolas sobre a formação da casa, por intermédio de Schjelderup e Dedic. O golo do norueguês deu logo mais conforto aos lisboetas, mas o destaque vai para o tento do bósnio. Uma jogada de autêntico craque, caro leitor. Chegou há pouco tempo ao clube, mas já faz a delícia dos adeptos. Enganou dois adversários, tudo sem tocar na bola, apenas com uma finta de corpo, e rematou de forma certeira para consolidar a vantagem dos visitantes.
Apesar da desvantagem, o FC Alverca esteve durante largos minutos por cima na partida, tendo originado muito caos no bloco das águias, ao ponto de gerar uma expulsão. O lateral-direito encarnado já tinha deixado a sua marca na partida, mas, não contente com isso, viu dois cartões amarelos e recebeu ordem de expulsão, tendo colocado os adeptos benfiquistas numa autêntica montanha-russa de emoções.

A partir daí tudo mudou. A turma de Bruno Lage ficou reduzida a partir dos 70 minutos e o técnico luso decidiu que era altura de alterar a estratégia e de tentar reduzir os possíveis danos. O treinador das águias abordou a expulsão do seu pupilo no rescaldo do duelo, na conferência de imprensa.
«Fiquei irritado. Irritado é o termo. Foi evidente. Num jogo como estava, calmo, com duas equipas a querer jogar bom futebol, também por mérito do Alverca e da forma como jogou, com três homens da frente muito bons. Um jogo tão tranquilo não merecia tantas faltas e cartões. O Dedic não merecia levar dois cartões quando fez apenas três faltas», afirmou Bruno Lage.
Um bloco de sete jogadores não é sinónimo de não sofrer golo
Como referido anteriormente, o técnico das águias não perdeu tempo e começou a alterar a moldura tática que prevalecia até pouco mais da hora de jogo. Durante uns suspiros da partida, Leandro Barreiro assumiu a posição de lateral-direito, enquanto Aursnes ocupou a posição de defesa-central - um autêntico canivete suíço.
Adivinhava-se uma substituição e António Silva foi a jogo para o lugar de Barreiro - tendo o defesa ocupado o centro da última linha encarnada. Já o «faz-tudo» do Benfica passou para a ala direita e a transformação no desenho tático começou a notar-se ainda mais. Um bloco nítido de sete jogadores, com cinco defesas - Aursnes, Tomás Araújo, António Silva, Otamendi e Dahl - e uma dupla de pivôs na sua frente - Enzo Barrenechea e Florentino. Por muito que os médios não estivessem colocados na última linha, era claro que só tinham uma missão: deixar a baliza encarnada inviolada.

Não foi isso que aconteceu e, como mencionado anteriormente, Davy Gui reduziu a favor do FC Alverca, aos 85 minutos. Até ao fim da partida, os ribatejanos farejaram várias vezes a baliza defendida por Samuel Soares, mas não conseguiram finalizar com qualidade. As redes não mexeram mais até ao fim do jogo, sendo os lisboetas a levarem os três pontos para casa. O golo não passou de um susto!
Na conferência de imprensa, o técnico luso foi sincero e deu a sua opinião sobre o rendimento da equipa na segunda metade: «Fizemos uma primeira parte consistente a controlar o jogo e a criar oportunidades, o que nos permitiu chegar ao intervalo a vencer. Entrámos bem na 2ª parte... e depois com o jogo tranquilo surge a expulsão. A equipa teve coragem e determinação com 10 e fechámos a baliza o suficiente para levar a vitória no jogo.»