Uma das maiores dúvidas desta pré-época é saber qual o destino de João Félix para a próxima temporada. Formado no Benfica e com uma passagem pelas camadas jovens do F.C.Porto, enquanto jogou em Portugal sempre foi considerado um jovem com um potencial imenso e que poderia brilhar em qualquer dos principais campeonatos principais europeus. 

Estreou-se nos campeonatos profissionais na equipa B pela mão de Hélder Cristóvão com 17 anos, num jogo em Freamunde. A partir dai não mais saiu do radar da equipa principal comandada por Bruno Lage que o integrou na equipa principal duas épocas depois onde se tornou um jogador fundamental para que o Benfica alcançasse mais um título nacional em 2018/19 contribuindo com 43 jogos, 20 golos e 8 assistências em toda a época.

Este facto, naturalmente, começou a despertar a cobiça de vários clubes europeus de nomeada e acabou por se transferir no final dessa época para o Atlético de Madrid treinado por Diego Simeone a troco de uns estratosféricos 126 milhões de euros. Nesta altura, Félix era um jogador que era uma promessa, mas ainda não era mais do que isso. Apesar do Atlético ter pago não o que ele valia na altura, mas o que poderia valer no futuro. 

E, esta decisão, na minha opinião, foi o primeiro grande erro de gestão de carreira de João Félix. O peso do preço pelo qual foi transferido e principalmente a maneira de jogar do treinador argentino nunca beneficiou o avançado português e Simeone nunca soube aproveitar devidamente todas as capacidades ofensivas do avançado luso.

Isto tudo em três épocas e meia onde Félix pura e simplesmente estagnou na carreira. Passou de um miúdo feliz em jogar à bola para um jogador desmotivado e abúlico que não conseguia explanar todo o seu talento que se sabia que estava lá, mas não o conseguia demonstrar em campo. 

Apesar da sua situação em Espanha, o anterior selecionador nacional Fernando Santos manteve a sua confiança no avançado viseense para o espaço da Seleção esperando que Félix tivesse melhores dias. Entretanto, integrou o grupo que integrou o primeiro grupo vencedor da Liga das Nações em 2019.

Já cansado da sua situação em Madrid, João Félix resolveu dar um rumo à sua carreira e ainda sob empréstimo do Atlético viajou para Londres em direção ao Chelsea onde também não se conseguiu adaptar, voltando a Espanha no final da época.

E é no início da época 2023/24 que surge, para mim, a grande oportunidade de carreira de Félix. No último ano de contrato com o Atlético e é emprestado ao Barcelona, um clube onde o próprio disse que “sempre sonhou jogar” e que pelo seu futebol ofensivo e envolvente poderia ser o clube ideal para finalmente conseguisse corresponder ao que dele se esperava. Ainda para mais com um meio-campo e um ataque extremamente ofensivo e talentoso mais uma vez falhou.

Apesar de tudo, depois do final do contrato com o Atlético de Madrid, o Chelsea decide dar-lhe mais uma oportunidade e recruta-o para os seus quadros onde começou a época passada. Contudo, João Félix acabou por ser emprestado a meio da época ao Milan, um dos sempre favoritos ao título da Série A italiana. 

Um campeonato onde é difícil um jogador se impor e mais uma vez Félix não impressionou os responsáveis milaneses e ao que parece vai regressar ao Chelsea.

Portanto, chegou a altura da verdade para Félix. Tem 25 anos, está numa altura critica da carreira onde ou se impõe definitivamente ou não passará de mais uma promessa perdida. Ele que ganhou o prémio Golden Boy em 2019, um galardão que premeia o melhor jogador europeu com menos de 23 anos.

Nas últimas semanas falou-se do regresso ao Benfica através do presidente Rui Costa. Parece-me ser uma excelente opção para recuperar a alegria de jogar. O Benfica é clube onde se sente à vontade para desenvolver toda a sua gama de recursos, algo que não tem encontrado até agora nos clubes onde jogou depois do Benfica. 

Mas Rui Costa também referiu nas mesmas declarações que o salário do jogador é proibitivo para que ele regresse no imediato à Luz.

Vai tudo depender da vontade do jogador em reduzir substancialmente o ordenado e do interesse do Chelsea em desfazer-se do jogador.

Por isso voltamos ao início do texto. João Félix está numa encruzilhada futebolística. Ou tem a possibilidade de regressar a casa e de voltar a ser feliz ou continuar a insistir em dar mais tiros no escuro em clubes estrangeiros que como ele próprio já comprovou nem sempre são a melhor opção.