
A Comissão Europeia garante ter um plano sólido para retaliar os anúncios de tarifas aduaneiras do Presidente norte-americano, Donald Trump, que vai decidir se implementa a partir de terça-feira, reforçando já o mercado único da União Europeia (UE).
"O nosso objetivo é uma solução negociada, mas é claro que, se for necessário, protegeremos os nossos interesses, os nossos cidadãos e as nossas empresas. [...] Não queremos necessariamente retaliar, mas temos um plano sólido para retaliar, se necessário", disse a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, num discurso esta manhã na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.
Depois de Donald Trump ter anunciado nos últimos meses aumentos de 25% dos direitos aduaneiros sobre as importações de aço, alumínio, automóveis e peças de automóveis, a responsável vincou que "a resposta imediata é a unidade e a determinação".
"Já estive em contacto com os nossos chefes de Estado e de Governo [da UE] sobre os próximos passos. Temos hoje o debate parlamentar e avaliaremos cuidadosamente os anúncios de amanhã [terça-feira] para calibrar a nossa resposta", acrescentou a responsável, numa altura em que se espera um novo anúncio norte-americano das chamadas tarifas recíprocas que se aplicarão a quase todos os bens e a muitos países do mundo, sendo que os próximos setores devem ser os semicondutores, os produtos farmacêuticos e a madeira.
Segundo Von der Leyen, este é um "confronto errado", mas para o qual a UE "dispõe tudo o que é necessário" para lhe fazer frente, nomeadamente o facto de ter o maior mercado único do mundo e "a força para negociar e o poder de resistir".
Relativamente ao mercado único, a presidente da Comissão Europeia admite que "são demasiados os obstáculos que entravam as empresas" comunitárias, pelo que a UE deve "fazer o seu trabalho de casa".
"Foi por isso que encarreguei a vice-presidente executiva [responsável pela Prosperidade e Estratégia Industrial, Stéphane] Séjourné de apresentar, no próximo mês, propostas concretas e audaciosas para eliminar alguns desses obstáculos e evitar novos", revelou.
"Estas reformas estão atrasadas e agora tornaram-se mais urgentes do que nunca. Numa economia global tempestuosa, o mercado único é o nosso porto seguro", adiantou Ursula von der Leyen.
De acordo com a agenda provisória do colégio de comissários, a estratégia para o mercado único será apresentada a 21 de maio.
O mercado único assegura a livre circulação de mercadorias, serviços, capitais e pessoas na UE.
Da resposta imediata europeia aos Estados Unidos faz ainda parte "uma posição de força" pelas suas capacidades (como tecnológicas ou outras) e a diversificação dos acordos comerciais, quando a UE já tem protocolos em vigor com 76 países e está a aumentar esta rede com o Mercosul, o México e a Suíça, concluiu.
Também presente no debate, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu que "ser mais competitivos em todas as frentes não é apenas o caminho certo, mas o único caminho para uma União mais forte porque ser competitivo significa ter mais resiliência económica".
A União Europeia está a preparar-se para tensões na relação com a nova administração de Donald Trump, especialmente em relação a tarifas comerciais, mas no espaço comunitário paira a incerteza sobre a parceria transatlântica.
A Comissão Europeia detém a competência da política comercial na UE.
Com Lusa