
Vinte e dois 'Voluntários da Esperança' viajaram até ao norte da ilha para dedicaram a manhã à identificação, mapeamento e controlo de espécies invasoras numa área de floresta endémica.
Estando a Levada dos Cedros oficialmente encerrada, decidiram explorar a orla da floresta do Fanal, ao longo de uma estrada florestal. Nesta sessão, a principal espécie visada seria o feto-arbóreo-australiano. "Como era de esperar, encontrámos bastantes espécimes ao longo do percurso, em especial nas margens dos ribeirinhos que galgam estas serras em direção ao mar. Verificámos ainda a presença de muitas outras espécies invasoras. Seis voluntários, orientados pelo biólogo Hugo Silva, registaram 27", refere nota enviada.

Os restantes voluntários cooperaram na remoção de feto-arbóreo e das seguintes espécies invasoras:
- crocósmias – espécie híbrida Crocosmia × crocosmiiflora da África-do-Sul: ladeiam os caminhos e invadem as clareiras, sobrepondo-se a uma grande variedade de plantas nativas (gerânios, trevos, hipericões, erva-férrea, dedaleiras e outros);
- intrometidas - Erigeron Karvisnkianus: roubam espaço nos taludes à espécie endémica Sibthorpia peregrina, conhecida pelos nomes de erva-redonda ou hera-terrestre e também aos fetos e briófitos (musgos, hepáticas e antecerotas) nativos;
- mimos ou brincos-de-princesa Fuchsia magellanica: pendem dos taludes, enredam-se nas árvores, sufocando-as nas malhas das suas lianas;
- maracujá-banana Passiflora tarminiana: cobrem as copas das árvores, impedindo o seu crescimento; os frutos, saborosos, caem de maduros no Verão, esquecidos.
"Anotámos, com satisfação, que haviam sido destruídas as sebes de carqueja que já há alguns anos vinham cerrando fileiras e ameaçavam obstruir o caminho. Esta operação libertou a paisagem. Sem o sentimento de opressão que nos invade quando caminhamos entre tojos, fomos passando por viçosos seixeiros, fetos luxuriantes, mantos de erva-redonda estrelada de flores douradas, e caminhando sob dosséis de loureiros, tis, folhados e vinháticos", acrescentam.
Referem ainda que no percurso, as 3 crianças encontraram muitas oportunidades para brincar. "Os brinquedos? Paus, poças e lama nalguns locais, grinaldas e coroas feitas de flores, o desafio das rochas, rochedos e regaços de água do leito dos ribeiros."
"A Matilde, 8 anos, lança pelo ar uma croscómia arrancada, que desenha um arco e gira como um foguete. Depois, explica-nos que as socas indicam a idade da planta – uma por cada ano. Neste grupo, aprendemos uns com os outros, e os mais jovens são ouvidos com entusiasmo e respeito", lê-se.
Por caminhos antigos traçados na vertente, outrora calcorreados pelos nossos antepassados, encontrámos as ruínas de algumas construções em pedra, vestígios da exploração agrícola há muito abandonada.
Por fim, toalha estendida sobre os calhaus do Ribeiro da Ponte, partilhámos uma refeição ligeira, enquanto trocávamos impressões sobre a experiência.
"Todos concordámos que a floresta nativa presente na área observada é bela e pujante, apesar da concorrência de uma diversidade de espécies invasoras. A floresta Laurissilva, esta floresta à qual devemos tanto, regressa e expande-se no território que é dela por direito, até mesmo sob eucaliptos monumentais", remata.
Esta iniciativa resultou de uma parceria entre o Projeto Wild FF e o IFCN.