"As principais realizações incluem 25.554 pessoas apoiadas com serviços de saúde mental e psicossociais, 3.558 crianças que beneficiam de gestão de casos, 45 crianças anteriormente associadas a grupos armados recebem apoio especializado e 82 crianças não acompanhadas ou separadas reunificadas com as famílias ou colocadas em cuidados alternativos", lê-se num relatório daquele mecanismo global, elaborado pela área responsável pela Proteção à Criança (CP AoR), consultado hoje pela Lusa.

O apoio, prestado em todos os distritos daquela província, rica em gás, que enfrenta desde 2017 uma rebelião armada que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas, deu "forte atenção" à equidade de género, com os serviços a chegarem a rapazes e raparigas em proporções "quase iguais" em todas as intervenções, e uma atenção específica às necessidades das raparigas adolescentes, "particularmente através da prevenção e resposta à Violência Baseada no Género e ao casamento infantil".

De acordo com o 'cluster' de segurança da Unicef, atualmente, cerca de 551 mil pessoas precisam de assistência humanitária no norte de Moçambique, sendo necessários cerca de 10 milhões de dólares (8,6 milhões de euros) para apoiar pelo menos 338 mil afetados.

"O CP AoR trabalha em parceria com 12 organizações implementadoras em distritos prioritários em Cabo Delgado para garantir uma resposta coordenada e multissetorial", acrescenta.

As novas movimentações de extremistas no norte de Moçambique incluem Niassa, província vizinha de Cabo Delgado, onde, desde o início dos ataques, em 29 de abril, provocaram pelo menos duas mortes: dois guardas florestais decapitados.

Na quarta-feira passada, as Nações Unidas alertaram para "grandes contratempos" que a ajuda humanitária em Moçambique enfrenta perante a queda de 17% da assistência às populações afetadas pelos ataques armados no norte do país, face ao mesmo período de 2024.

"A operação humanitária em Moçambique enfrenta grandes contratempos. Até ao final de abril de 2025, apenas 664.000 pessoas - cerca de 61% da população-alvo em Cabo Delgado --- haviam recebido alguma forma de assistência, representando uma queda de 17% em relação às 802.000 pessoas alcançadas no mesmo período em 2024", avançou, na altura, um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

De acordo com o organismo da ONU, estas reduções refletem um declínio mais amplo na capacidade operacional, além de prejudicarem "significativamente" a resposta, "especialmente na prestação de ajuda multissetorial".

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

 

LYCE // MLL

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