
Um novo objeto vindo do espaço interestelar está a entrar no nosso Sistema Solar. É apenas o terceiro alguma vez detetado e, embora não represente perigo para a Terra, está a aproximar-se - e poderá ser o maior visitante extrassolar de sempre.
A NASA confirmou esta quarta-feira a descoberta de um novo objeto interestelar que passará pelo nosso Sistema Solar. Não representa qualquer ameaça para a Terra, mas passará relativamente perto: dentro da órbita de Marte.
Trata-se apenas do terceiro objeto interestelar alguma vez detetado pela humanidade. E este, além de estar a mover-se mais depressa do que os anteriores, poderá ser o maior.
Um brilho vindo de Sagitário
A 1 de julho, o telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), instalado em Rio Hurtado, no Chile, registou um brilho invulgar vindo da direção da constelação de Sagitário.
O cometa foi oficialmente designado 3I/ATLAS - “3I” marca de que se trata do terceiro objeto interestelar detetado (a seguir ao ’Oumuamua, em 2017, e ao 2I/Borisov, em 2019).
Assim que foi identificado, astrónomos de todo o mundo começaram a recuperar imagens antigas para saber há quanto tempo este visitante andava pelas redondezas.
Essas observações “pré-descoberta”, vindas de vários telescópios ATLAS e do Observatório Palomar (Califórnia), recuam até 14 de junho. Desde então, o cometa tem sido seguido de perto por uma rede global de telescópios.
Perto, mas a uma distância segura
Atualmente, o 3I/ATLAS está a cerca de 670 milhões de quilómetros do Sol - a aproximadamente 4,5 unidades astronómicas (UA). Não vai aproximar-se mais do que 1,4 UA (cerca de 210 milhões de km), o que o colocará dentro da órbita de Marte, por volta de 30 de outubro.
Apesar da aproximação, não representa qualquer perigo para nós, mas levanta muitas perguntas.
O maior visitante vindo das estrelas?
As estimativas atuais sugerem que o cometa poderá ter entre 10 e 20 quilómetros de largura, afirmou à AFP Richard Moissl, responsável pela defesa planetária da Agência Espacial Europeia. Se estes números se confirmarem, será o maior objeto interestelar alguma vez detetado.
O tamanho real depende da sua composição: se for feito de gelo, poderá ser mais pequeno do que parece, uma vez que o gelo reflete mais luz, aumentando o seu brilho.
Até setembro, o 3I/ATLAS continuará visível através de telescópios. Depois disso, ficará demasiado próximo do Sol para ser observado. Deverá reaparecer no início de dezembro, surgindo do outro lado da nossa estrela o que vai permitir novas observações.
Moissl antecipa que o cometa “será mais brilhante e mais próximo do Sol até ao final de outubro, e depois ainda poderá ser observado até ao próximo ano”.
Quantos mais andam por aí?
Mark Norris, astrónomo da Universidade de Lancashire Central, Reino Unido,, disse à AFP que o 3I/ATLAS parece deslocar-se muito mais rapidamente do que os dois anteriores visitantes extrassolares.
Segundo modelos recentes, poderão existir até 10 mil objetos interestelares a atravessar o Sistema Solar em dado momento. A maioria é demasiado pequena para ser detetada, mas isso poderá mudar em breve, com a entrada em funcionamento do Observatório Vera C. Rubin, também no Chile.
Mensageiros de outros mundos
Cada um destes raros visitantes oferece aos cientistas uma rara oportunidade de estudar algo fora do nosso Sistema Solar.
"Se encontrássemos precursores de vida, como aminoácidos, num destes objetos, isso dar-nos-ia muito mais confiança de que as condições para a vida se repetem noutros cantos da galáxia ”, conclui Norris.