
"Acabei de falar com algumas das pessoas envolvidas. A situação em Gaza é terrível. Acreditamos que vamos conseguir um cessar-fogo na próxima semana", destacou Donald Trump esta sexta-feira, em Washington, num evento para celebrar a assinatura do acordo de paz entre o Ruanda e a República Democrática do Congo.
O líder republicano considerou que a cessação das hostilidades está próximo. "Estamos a trabalhar em Gaza e a tentar resolver o problema. Estamos a fornecer muito dinheiro e muita comida àquela zona porque precisamos", enfatizou.
Trump acrescentou ainda que, embora "em teoria" o seu país não esteja envolvido, na prática está "porque as pessoas estão a morrer". "Vejam as multidões que não têm comida nem nada. Somos nós que ajudamos", vincou, criticando outros países por "não ajudarem".
Uma fonte da Associated Press (AP), citada pela Lusa, adiantou que o ministro dos Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, chegará a Washington na próxima semana para conversações sobre o cessar-fogo em Gaza, o Irão e outros assuntos.
A declaração de Donald Trump foi feita no mesmo dia em que o jornal israelita “Haaretz” noticiou que os soldados de Israel receberam luz verde para disparar sobre os residentes de Gaza desarmados perto dos pontos de distribuição de ajuda, algo que o Estado de Israel rejeitou veementemente, de acordo com uma declaração conjunta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do seu ministro da Defesa, Israel Katz.
Este sábado foi divulgada também a informação de que, desde sexta-feira, pelo menos 34 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza devido aos ataques israelitas. Deste total, 12 pessoas foram mortas no Estádio da Palestina, na Cidade de Gaza, que abrigava deslocados, outras oito que viviam em apartamentos, de acordo com o pessoal do hospital Shifa, para onde os corpos foram levados, e ainda mais seis outras pessoas foram mortas no sul de Gaza, quando um ataque atingiu a sua tenda em Muwasi, segundo o hospital.
No artigo, o jornal crítico dos conflitos de Israel na região cita vários militares, falando sob anonimato, com relatos de que tinham recebido ordens dos seus comandantes para disparar sobre multidões reunidas perto de centros de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 549 pessoas morreram e cerca de quatro mil ficaram feridas perto de centros humanitários e em áreas onde os habitantes esperavam por camiões de alimentos da ONU desde que a Fundação Humanitária de Gaza (FHG), uma controversa organização apoiada por Israel e Estados Unidos, começou a operar no enclave controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, há um mês.
O conflito foi desencadeado em 07 de outubro de 2023, após um ataque do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 56 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.