"Timor-Leste acredita firmemente que o processo de descolonização permanece incompleto enquanto houver povos cuja vontade livre e genuína não tenha sido ouvida, respeitada e implementada", afirmou José Ramos-Horta.

O chefe de Estado falava no seminário regional do Pacífico do Comité Especial de Descolonização (C-24), criado em 1961 pelas Nações Unidas, que teve hoje início em Díli e vai decorrer até sexta-feira.

"A defesa destes princípios não é apenas um dever histórico, mas uma contribuição vital para a construção de um sistema internacional mais justo, inclusivo e respeitador --- um sistema que honre a dignidade de todos os povos", salientou o também prémio Nobel da Paz.

Segundo dados do C-24, existem 17 territórios não autónomos no mundo, que representam cerca de dois milhões de pessoas.

Os 17 territórios não autónomos, considerados pelo C-24, são Anguila, Bermudas, Gibraltar, Guam, Ilhas Caimão, Ilhas Malvinas, Ilhas Turcas e Caicos, Ilhas Virgens dos Estados Unidos, Ilhas Virgens Britânicas, Monserrate, Nova Caledónia, Ilhas Pitcairn, Polinésia Francesa, Santa Helena, Samoa Americana, Toquelau e o Saara Ocidental.

"Timor-Leste acredita firmemente que todos os territórios não autónomos sob consideração do C-24 devem ter a oportunidade de decidir livremente o seu futuro --- escolhendo os seus próprios sistemas políticos, económicos e sociais, em conformidade com os princípios consagrados na Carta das Nações Unidas", defendeu José Ramos-Horta.

Na sua intervenção, o Presidente salientou que a descolonização não se concretiza só com resoluções, mas também "através da dignidade, da inclusão e do impacto".

"A experiência de Timor-Leste demonstra que a paz duradoura nasce do respeito pela vontade do povo e consolida-se no terreno através da justiça social, da oportunidade económica e da liberdade cultural", acrescentou.

Timor-Leste declarou a independência unilateral de Portugal a 28 de novembro de 1975, mas nove dias depois foi ocupado pela Indonésia. O país voltou a restaurar a independência a 20 de maio de 2002, na sequência de um referendo, realizado a 30 de agosto de 1999, que pôs fim à ocupação indonésia.

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