
O Teatro Nacional D. Maria II (TNDM) está a preparar um "protocolo de tolerância zero a qualquer discriminação", disse esta quinta-feira à agência Lusa o seu diretor artístico, Pedro Penim.
O ator e encenador, que assumiu a direção artística do D. Maria em 2021, acrescentou tratar-se de um documento que se encontra "a ser discutido há algum tempo" e que pretende "prevenir qualquer discriminação que possa ter um caráter xenófobo ou racista, misógino ou que possa ser ofensivo a qualquer grupo".
O que se pretende é "dar sinal de que no Teatro Nacional não estamos dispostos a tolerar ofensas verbais ou outros insultos ou atitudes que possam ser ofensivas (...), disruptivas e possam perigar a continuidade do espetáculo e a integridade dos intérpretes e obviamente também a sua liberdade artística", frisou.
Este protocolo destina-se a ter em conta "situações de preservação social ou de protestos em contexto de espetáculos de teatro", disse, acrescentando que em alguns espetáculos do TNDM tem havido "aspetos críticos, não só na proteção do público, mas também, sobretudo, dos próprios artistas".
Segundo Pedro Penim, o TNDM tem registado algumas "interrupções de leituras em lançamentos de livros e alguns episódios com reações mais extremas", nomeadamente em "espetáculos para escolas" onde "há todo um conteúdo mais ideológico e mais polarizado que tem perturbado, algumas vezes, o bom funcionamento do espetáculo e a sua continuidade".
Por isso, entre as medidas pensadas no protocolo está a criação de zonas de segurança para artistas, mas também, sempre que possível, a realização de conversas prévias, antes dos espetáculos, "que possam apaziguar aquilo que possa ser uma reação mais extemporânea".
Manifestando-se preocupado e revoltado com a agressão, na terça-feira, ao ator Adérito Lopes, de A Barraca, por um elemento de um grupo de cerca de 30 manifestos neonazis, Pedro Penim lamentou ainda o facto de, "na nossa Assembleia [da República], se sentir em alguma representação política um aval para alguns desses comportamentos".
Por isso, o incidente junto ao Cinearte prova que os agentes da cultura estão, "nalguns casos, em situações desprotegidas".
Para Pedro Penim, o documento de segurança será "um protocolo defensivo, mas também dissuasor", que possa "criar dentro das equipas artísticas e técnicas alguma sensação de segurança para garantir que o espetáculo corra como foi concebido e previsto".
Com Lusa