Durante as reuniões que aconteceram na segunda-feira, o Governo não apresentou uma nova proposta aos sindicatos, mas disse estar disponível para avançar com um novo documento, mais próximo das reivindicações dos bombeiros sapadores, ainda esta semana.

A secretaria de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território começou por reunir, às 17:00, com os cinco sindicatos que apresentaram uma proposta comum - Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP), Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), Sindicatos dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) e Frente Comum.

À Lusa, José Abraão, do SINTAP, adiantou que "há uma abertura importante por parte do Governo no sentido de aproximar posições, seja nos suplementos, seja nas tabelas remuneratórias", os dois pontos que continuam a travar um entendimento.

Já do lado dos sindicatos que estiveram na segunda reunião, que aconteceu às 19:00, Ricardo Cunha, do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS), explicou que "o Governo quis saber se havia disponibilidade para baixar a proposta" apresentada por este sindicato, que pretende, por exemplo, um suplemento idêntico ao que foi aplicado à PSP no ano passado.

"Até sexta-feira vai enviar uma calendarização para as próximas reuniões", adiantou Ricardo Cunha, acrescentando que a indicação dada durante o encontro foi a de que o Governo vai "repensar [a proposta] e pediu para os sindicatos fazerem o mesmo".

Para já, a proposta que está ainda em cima da mesa é a que foi apresentada na semana passada e que não agrada aos sindicatos, pelo que estes esperam agora por novas alterações por parte da tutela.

Em relação aos valores das tabelas remuneratórias, o Governo apresentou na semana passada aumentos faseados até 2027. Por exemplo, o Governo propõe que um bombeiro, depois do primeiro ano em período experimental, receba 1.222 euros este ano, 1.175 euros em 2026 e 1.228 euros em 2027. Neste ponto, os sindicatos querem que os aumentos sejam antecipados para 2026.

O Governo aceitou manter as atuais sete categorias na carreira especial - ao contrário das cinco categorias da anterior proposta - e manter as atuais 35 horas semanais de trabalho - ao contrário das 40 horas propostas em dezembro do ano passado.

Já a proposta relativa ao suplemento continua a não ser suficiente, apesar de o Governo ter avançado com a criação de um suplemento único, ao contrário daquilo que tinha proposto na última reunião de 03 de dezembro de 2024. Este suplemento seria de 20% da remuneração base de cada trabalhador com um aumento faseado - 10% em 2025, 5% em 2026 e 5% em 2027.

No início de dezembro, o executivo suspendeu as negociações com os bombeiros sapadores, acusando-os de estarem a fazer pressão ilegítima, com um protesto que incluiu petardos, tochas e fumos junto à sede do Governo.

Os bombeiros sapadores já realizaram três manifestações desde outubro com rebentamento de petardos e lançamento de tochas, além de uma ocupação da escadaria da Assembleia da República.

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