O Sindicato dos Professores da Madeira (SPM) defendeu hoje a alteração do calendário das atividades letivas na região autónoma e alertou para a importância da brincadeira nas escolas, avisando que a "educação está demasiado escolarizada".

"Nós temos escolas fabulosas, não há dúvida nenhuma que temos recintos maravilhosos, mas se observarmos com atenção faltam espaços de terra, espaço onde as crianças possam ter outro solo que não o cimento e isso é negativo", disse o presidente do SPM, Francisco Oliveira.

O sindicalista falava em conferência de imprensa, no Funchal, no âmbito do Dia Internacional da Brincadeira, que se assinala hoje, pelo segundo ano, por indicação da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Efetivamente, a educação de hoje está demasiado escolarizada, quer em termos de conteúdos formais, quer em termos de espaços", alertou.

Francisco Oliveira defende, por isso, a alteração do calendário escolar, fazendo com que as atividades letivas decorram entre meados de setembro e meados de junho.

Na Região Autónoma da Madeira, o ano letivo arranca no início da segunda semana de setembro e prolonga-se até finais de junho, no caso do primeiro ciclo, e até meados de julho, no caso do pré-escolar.

"Tem de haver uma alteração e, então, defendemos que em meados de junho deveriam acabar as atividades escolares para todas as crianças, para todos os jovens", disse, sublinhando que o Sindicato dos Professores da Madeira está disponível para "procurar alternativas" em colaboração com a Secretaria Regional da Educação, as escolas e os encarregados de educação.

"Falta tempo às crianças para brincar", reforçou.

O SPM reconhece que o modelo de família se alterou e os encarregados de educação não conseguem estar em casa com as crianças como antigamente, mas considera ser fundamental encontrar novas soluções no sentido de assegurar e proporcionar tempo de brincadeira.

"Nós olhamos para o calendário escolar e vemos pouquíssimo tempo para a brincadeira e, como diz uma escritora sueca, em breve o tempo para brincar ou a brincadeira será considerada a melhor metodologia pedagógica, porque aí as crianças aprendem muito mais do que aquilo que alguma vez pensamos", alertou.