
Num comunicado enviado à Lusa, Rui Moreira explica que tomou esta decisão depois de ouvir o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, decisão essa que teve a sua anuência.
"O atual mandato autárquico está a chegar ao fim e competirá a quem venha a governar a cidade tomar as decisões que entenda por conveniente. Não é pois recomendável que, a poucos meses do ato eleitoral, se promovam iniciativas que não são consensuais", entende o independente.
Dizendo que esta questão não é consensual, o autarca considera que o executivo não deve contribuir para o exacerbamento de tensões na cidade.
Rui Moreira refere, contudo, que a cidade do Porto tem uma história de tolerância, lembrando que durante a II Guerra Mundial a maior sinagoga da Península Ibérica manteve as suas portas abertas paredes meias com a escola alemã do Porto.
"No início deste século, as igrejas evangélicas instalaram-se na cidade e foram bem acolhidas. Hoje, abundam na cidade os seus templos que acolhem muitos imigrantes e o mesmo sucede com a comunidade hindu com velhas tradições entre nós", reforça.
Insistindo na ideia de que o Porto é uma cidade inclusiva, Rui Moreira salienta que existem na cidade várias mesquitas que funcionam em espaços informais.
E acrescenta: "São lugares de culto sem o mínimo de condições onde se reúnem diariamente crentes do Islão".
Segundo o presidente da Câmara do Porto, a imigração é uma realidade que aporta ao país e à cidade uma "enorme diversidade e uma profunda alteração sociocultural" que não pode ser ignorada e que exige que sejam concretizadas políticas ativas de acolhimento e de integração.
"Porque sabemos qual foi o impacto da exclusão, em outros países que nos precederam, não devemos ignorar a realidade com que estamos confrontados", aponta.
Em sua opinião, este é um tema fraturante que deve ser debatido na cidade e pela cidade e que não deve passar ao lado da campanha eleitoral.
"É um tema que irá testar, na realidade, o caráter ecuménico da nossa cidade e dos seus atores políticos, sociais, culturais e também religiosos. É um tema que o atual executivo, a que presido, não irá condicionar", conclui.
A Câmara do Porto ia votar uma proposta de cedência de direitos de superfície de dois imóveis devolutos para a construção de duas mesquitas, consolidando-se como "uma cidade inclusiva".
"A construção de uma mesquita na cidade do Porto é um passo crucial na consolidação de uma cidade inclusiva, que promove a coexistência pacífica de diversas religiões, refletindo não apenas a diversidade cultural da cidade, mas também o seu compromisso com os princípios fundamentais da liberdade religiosa", podia ler-se na proposta que iria ser votada e a que a Lusa teve acesso.
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