O governo português admite aplicar sanções a ministros do governo de Israel, depois de já ter apoiado a declaração assinada pela França, Reino Unido e Canadá a ameaçar o governo de Benjamin Netanyahu, caso não pare a ofensiva em Gaza e permita a entrada de ajuda humanitária.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da União Europeia estão, esta terça-feira, reunidos em Bruxelas, para, além de falar sobre o apoio à Ucrânia e o potencial cessar-fogo na guerra com a Rússia, discutir os últimos desenvolvimentos na Faixa de Gaza.

À reunião, na qual participa o ministro português Paulo Rangel, os Países Baixos levaram a hipótese de colocar em causa o acordo de associação comercial entre a União Europeia e Israel. Na base da eventual interrupção do acordo estará o argumento de que o Estado israelita não estará a respeitar os direitos humanos fundamentais - condição essencial para que, de acordo com as regras deste acordo, haja relações comerciais entre as duas partes.

Em declarações aos jornalistas, em Bruxelas, Paulo Rangel admitiu que a situação humanitária em Gaza se tem “degradado”, embora se mantenha “cauteloso” na utilização do termo “genocídio”.

Ainda assim, admite que, em concordância com a maioria dos Estados-membros – e conforme proposto pela Suécia -, Portugal está disponível para “aplicar sanções individuais a certos ministros do governo israelita”.

Paulo Rangel sublinha também que o governo português já subscreveu a declaração assinada pela França, Reino Unido e Canadá - que, esta segunda-feira, emitiram uma posição conjunta criticando a ação de Israel na Faixa de Gaza, ameaçando com “medidas concretas” se a agressão não parar.

“Todos os Estados estão a condenar” o bloqueio da entrada de ajuda humanitária, frisou Rangel, lembrando as previsões que apontam para a morte de dezenas de milhares de crianças, em Gaza, nos próximos dias, devido à fome.

Futuro pós-eleições? "Disponível para falar com todos"

Ainda no rescaldo das eleições legislativas do último domingo, o ministro foi questionado quanto ao cenário político nacional. E Paulo Rangel assegurou que um futuro governo da AD estará disponível para falar com todas as forças políticas.

“Não existe nenhum bloqueio à partida para negociar no Parlamento”, garantiu, sem querer dizer se será o PS ou o Chega o parceiro de conversas preferencial da AD.

Questionado ainda sobre se irá manter-se como ministro nesta nova legislatura, Paulo Rangel declarou que é algo que escapa à sua decisão.

“Não é uma coisa que dependa de mim”, afirmou.

Ainda assim, sublinha que ficará igualmente satisfeito se permanecer ou não no futuro executivo.

“Sou livre como uma ave. Sinto-me feliz como ministro, mas também me sentirei muito feliz como não ministro. Estarei feliz com qualquer desenlace”, concluiu.