A candidatura do Partido Socialista à Câmara Municipal do Funchal (CMF) mostrou-se, hoje, preocupada com a "inacção" do executivo autárquico e do Governo Regional em matéria de prevenção do risco de incêndio sobre a cidade.

Esta semana, por duas vezes – a última das quais ontem mesmo – Rui Caetano alertou para o verdadeiro “barril de pólvora” nas serras sobranceiras ao Funchal, devido à "proliferação descontrolada de plantas invasoras, nomeadamente giesta e carqueja, altamente combustíveis e que colocam em perigo a cidade e as pessoas em caso de incêndio".

Os socialistas consideram, a propósito, que a reação do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), noticiada pelo DIÁRIO na edição impressa de hoje é "tudo menos aceitável".

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Rui Caetano diz que o IFCN volta a “descartar responsabilidades, a arranjar desculpas para a inação e a negar o problema, em vez de aproveitar a oportunidade de assumir a necessidade de mudar o modelo de gestão florestal e sensibilizar as pessoas para o risco".

O PS critica também o “silêncio ensurdecedor” da autarquia, que tem sob a sua gestão o Parque Ecológico do Funchal, mas que tem seguido "o mesmo modelo falhado e perigoso do Governo Regional, com a única diferença que o Parque Ecológico ardeu há menos tempo", atirou o candidato citado em nota de imprensa.

“Para o Governo Regional, o barril de pólvora que se acumula há anos sobre o Funchal volta a ser fruto da falta pontual de um orçamento e, de resto, é tudo resultado de uma estratégia sob controlo. Mas, infelizmente, a população já conhece bem o desfecho do está tudo controlado e os impactos dessa necessidade constante de garantir que não há problema, quando ele está a vista de todos e é grave”, observa Rui Caetano.

As autoridades regionais perderam a oportunidade de intervir a partir dos últimos incêndios de 2010 e de 2016 e que a inacção, desde essa altura, resultou num manto amarelo de giesta e carqueja que engole os povoamentos florestais plantados com dinheiros públicos e as povoações adormecidas pela falsa segurança que as autoridades responsáveis insistem em passar Rui Caetano

O candidato do PS realça que a "propaganda do costume revela as incoerências da governação".

“Limparam trilhos e miradouros, mas deixaram o material nos locais, já seco, perto de onde se acumulam as pessoas e sem zonas de descontinuidade de combustível, aumentando consideravelmente o risco de incêndio. Dizem que a carqueja e a giesta não são para erradicar porque a vegetação protege o solo contra a erosão, mas, nas zonas onde intervêm, cavam a terra destruindo a sua estrutura e aumentando a proliferação deste tipo de vegetação tão inflamável. Obrigam os proprietários a limpar os terrenos e não limpam e afirmam que ainda vão intervir antes do pico do verão, numa altura em que, à restante população, estão condicionados os trabalhos que possam resultar em ignições na floresta”, ilustra.

Rui Caetano lamenta ainda a resposta do IFCN, que a seu ver "mostra bem a falta de rumo da política florestal na Madeira", mas estranha também a ausência de qualquer reacção da Câmara Municipal do Funchal, “com o mesmo modelo de gestão florestal nas serras onde tem responsabilidade e, obviamente, com os mesmo resultados que ameaçam a população que devia proteger”.

A candidatura socialista frisa que "é preciso assumir a magnitude do problema e avançar rapidamente com soluções que devolvam o espaço florestal à população e incentivem a sua ocupação sustentada, que resultará na conservação dinâmica da natureza".

É preciso envolver a população na gestão do território para torná-lo mais seguro, com incentivo às actividades tradicionais que reduzem o combustível no território, nomeadamente a agricultura, a produção florestal e o pastoreio. Urge também identificar as zonas mais críticas sobre o Funchal e criar zonas de descontinuidade de combustível, nomeadamente através de zonas de passagem de rebanhos que travem o fogo quando ele surgir, e ainda promover a criação de mais unidades locais de proteção civil, para reforçar a proteCção da população. Rui Caetano