Marcos Jr. "solicitou a demissão por cortesia de todos os secretários de gabinete", disse o palácio presidencial em comunicado, uma medida que visa dar ao Presidente "a margem de manobra necessária para avaliar o desempenho de cada departamento e determinar quem continuará a servir".

A ordem foi tomada depois de os candidatos apoiados por Marcos Jr. ao Senado, a câmara alta do parlamento das Filipinas, terem obtido menos lugares do que o esperado nas eleições intercalares realizadas a 12 de maio.

"O povo falou e espera resultados, não manobras políticas ou desculpas. Nós ouvimo-los e vamos agir", disse o Presidente.

As eleições ficaram marcadas pela disputa entre os candidatos de Marcos Jr. e os apoiados pela vice-presidente e ex-aliada Sara Duterte.

A votação aconteceu meses depois de o pai, o ex-Presidente Rodrigo Duterte (2016-2022), ter sido extraditado para ser julgado por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional devido à guerra contra as drogas.

Apesar de estar detido em Haia, Rodrigo Duterte foi reeleito como presidente da câmara de Davao, em Mindanao, no sul das Filipinas, cargo que ocupou antes de concorrer a chefe de Estado.

A Presidência declarou hoje que os serviços governamentais "continuarão ininterruptos" durante a transição, durante a qual avaliará o desempenho dos atuais secretários antes de decidir se serão ou não substituídos.

O filho do falecido ditador Ferdinand Marcos (1917-1989) tem três anos até ao final do mandato e, de acordo com o comunicado, a renovação ministerial representa "uma nova fase totalmente focada nas necessidades mais urgentes da população".

Até ao momento, mais de uma dúzia dos 23 secretários do Executivo demitiram-se ou anunciaram a intenção de abandonar o cargo, juntamente com líderes de agências sob o controlo do Presidente, como a Autoridade de Desenvolvimento Metropolitano de Manila.

Entre eles estava o secretário das Finanças, Ralph G. Recto, que, em comunicado, elogiou a "decisão ousada" tomada "com o desejo de dar prioridade às pessoas e ao país".

O secretário da Energia, Raphael Lotilla, observou que a ordem de demissão é "uma excelente oportunidade para fazer um balanço e revigorar o Governo".

A medida foi tomada depois de o Presidente ter reconhecido na segunda-feira que os maus resultados das eleições se deveram à deceção dos filipinos com o desempenho do Governo.

A taxa de aprovação de Marcos Jr. caiu para 25%, de acordo com uma sondagem realizada em março, uma queda acentuada face à taxa de 42% em fevereiro.

Os entrevistados apontaram a falha do Governo em controlar a inflação, a corrupção desenfreada no país e a falta de medidas para combater a pobreza.

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