O Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu ao seu homólogo salvadorenho que lhe entregasse os colombianos expulsos dos EUA e detidos em El Salvador, citando uma decisão do Supremo norte-americano que suspendeu a expulsão de imigrantes.

"O Supremo Tribunal de Justiça dos Estados Unidos pronunciou-se com um veredicto universal", escreveu Petro este sábado na rede social X, referindo-se à decisão do tribunal norte-americano de bloquear "até nova ordem" a deportação do território de um grupo de imigrantes venezuelanos detidos no centro de detenção Bluebonnet, no Texas.

Desde que regressou à Casa Branca, no final de janeiro, o Presidente Donald Trump fez da luta contra a imigração ilegal uma das principais prioridades.

Trump reativou uma lei de 1798 - conhecida como Alien Enemies Act [AEA, Lei dos Inimigos Estrangeiros] -- apenas utilizada em tempos de guerra, ao abrigo da qual enviou para El Salvador mais de 250 pessoas, acusadas de pertencerem ao grupo criminoso transnacional Tren de Aragua, que a Administração norte-americana descreveu como "terrorista".

"Não, Sr. Bukele, isso é muito errado. Nós não aceitamos, e a justiça americana não aceita, a criminalização dos filhos e filhas da Venezuela (...) pelos crimes da quadrilha conhecida como 'Tren de Aragua'", desabafou Gustavo Petro na interpelação ao Presidente salvadorenho, Nayib Bukele, publicada no X.

"Devolvam-nos os colombianos que estão nas vossas prisões. Deixem o povo venezuelano em liberdade", exigiu Petro.

As deportações "manu militari" de imigrantes dos Estados Unidos foram denunciadas por grupos de defesa dos direitos humanos e pelos advogados das famílias dos imigrantes, que insistiram no facto de estes não pertencerem a nenhuma organização criminosa.

Num recurso enviado ao Supremo Tribunal no sábado à tarde, o Governo dos Estados Unidos pediu aos juízes que anulassem a decisão tomada nessa madrugada ou que o autorizassem a prosseguir as deportações com base noutros fundamentos

A Administração Trump chegou a um acordo com Nayib Bukele, para poder enviar os imigrantes detidos nos Estados Unidos para o CECOT, uma mega-prisão famosa por alegadas violações dos direitos humanos.

Como parte do acordo, cujos pormenores específicos não são conhecidos, Washington apoiará o sistema prisional de El Salvador com 6 milhões de dólares (5,28 milhões de euros) por ano.

No total, os Estados Unidos enviaram para aquela prisão mais de 200 imigrantes, na sua maioria venezuelanos, acusando-os de pertencerem ao Tren de Aragua.

No entanto, de acordo com uma análise publicada na semana passada pelo portal Bloomberg, 90% dos mais de 200 homens que os EUA enviaram para a prisão no país centro-americano não têm registo criminal nos Estados Unidos. jurídicos.