
O apelo surge numa carta remetida pela vice-presidente e ministra para a Transição Ecológica de Espanha, Sara Aagesen, e pela ministra do Ambiente e Energia de Portugal, Maria da Graça Carvalho, ao seu homólogo francês, Marc Ferracci, que tutela a pasta da Indústria e Energia.
A carta, citada pela Efe, foi divulgada hoje pelo gabinete de Sara Aagesen, segundo adianta a agência.
O apagão "sem precedentes" que afetou toda a Península Ibérica no dia 28 de abril veio sublinhar a necessidade de se reforçarem as infraestruturas de interconexão, assim como a relevância da conectividade transfronteiriça, "uma prioridade" não apenas para os três países em causa, mas para o conjunto da União Europeia, refere o texto.
O incidente energético, adianta a missiva, exige uma ação tanto ao nível técnico como político.
Embora se tenham registado progressos nos últimos anos, as ministras sublinham que a Península Ibérica continua a ser "uma ilha energética" e que os níveis de interconexão continuam abaixo das metas da União Europeia, de 10% e 15% previstas para 2020 e 2030, respetivamente. Atualmente estes níveis estão nos 3%.
Além de incidentes específicos como o que aconteceu no passado dia 28 de abril, a melhoria das interligações irá ter um impacto positivo nos objetivos de descarbonização, convergência de preços e estabilidade do fornecimento, promovendo ainda a coesão ente os vários Estados-membros, aponta a carta.
Sara Aagesen e Maria da Graça Carvalho lamentam que duas das interligações entre Espanha e França -- Aragão-Pirinéus Atlânticos e Navarra-Landes -- tenham sido excluídas do plano de desenvolvimento da rede elétrica francesa 2025-2035, apesar de a UE as ter considerado de interesse geral.
Ma missiva, as duas governantes lembram que o presidente do governo espanhol Pedro Sánchez, manifestou ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, preocupação sobre o tema, tendo Macron respondido que estão em curso estudos técnicos, sublinhando que se trata de uma questão "sensível" para as comunidades locais de ambos os lados dos Pirinéus.
Por todas estas razões, as governantes instam França a participar numa reunião ministerial, a realizar durante este ano, para que os três países e a Comissão Europeia possam definir um roteiro com "marcos e passos concretos" que permitam atingir os objetivos europeus.
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