Pedro Proença cumpre hoje 100 dias como presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), somando já o título europeu de sub-17 e várias polémicas, entre a eleição para o Comité Executivo da UEFA e a final da Taça.

A conquista do terceiro título continental de sub-17, ao 98.º dia de presidência, foi até agora a coroa de glória do arranque do mandato do antigo árbitro, iniciado em 24 de fevereiro, 10 dias depois de ter sido eleito sucessor de Fernando Gomes.

"O primeiro de muitos dias", foi assim que começou o discurso de Proença, na cerimónia de posse, na Arena Portugal, na Cidade do Futebol, em Oeiras, onde, pouco mais de um mês mais tarde, viria a ambicionar "encarar o passado como ponto de partida para o futuro".

Esta foi a mensagem mais forte do discurso do 111.º aniversário da FPF, na "ressaca" da derrota de Proença na eleição para o Comité Executivo do organismo continental - foi mesmo o menos votado entre os 11 candidatos, com apenas sete votos.

Mudanças na estrutura da FPF e cessação de recursos judiciais contra o Expresso

O desfecho foi "incentivado" por uma carta de Gomes aos líderes das federações integrantes da UEFA, em que denunciava a destruição do seu legado na FPF, isto poucos dias depois de o organismo que rege o futebol nacional ter sido alvo de buscas por suspeitas de corrupção, recebimento indevido de vantagem e fraude fiscal em negócio de venda do antigo edifício federativo.

Sem que o atual presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) fosse visado nesta investigação, conforme assegurou o diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, o corte com o passado tomava cada vez mais forma, com a saída dos diretores de marketing, financeiro, recursos humanos e integridade.

A FPF ia acolhendo grande parte da estrutura da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), acompanhando o presidente, num percurso seguido por Rui Caeiro, cooptado "vice" transitoriamente, num elenco "desfalcado" logo após as eleições pela renúncia de Joaquim Evangelista, para se manter na direção da FIFPro.

Escudando-se na promessa de transparência, Proença fez cessar os recursos judiciais contra o Expresso, sobre a gestão financeira e patrimonial da instituição desde 2011, permitindo que o jornal tivesse acesso a documentos que comprovaram que Fernando Santos iniciou o Mundial2022 com o acordo de rescisão do contrato válido até 2024.

Desafios nas competições, incluído Liga das Nações e Europeu feminino

Desportivamente, o título de campeão da Europa de sub-17, reeditando os feitos de 2003 e 2016, com a seleção de juvenis comandada por Bino Maçães, é, até agora, o ponto alto, em vésperas de a equipa principal das "quinas" disputar a Liga das Nações.

A formação comandada por Roberto Martínez defronta a Alemanha, em Munique, na quarta-feira, na "luta" por uma segunda final na competição, que venceu, em casa, em 2019, então sob o comando do campeão europeu Fernando Santos.

Por estes dias está também em jogo a permanência na Liga A feminina da Liga das Nações, num duelo com a Bélgica, no Funchal, na última ronda, antecedendo a terceira presença consecutiva do coletivo liderado por Francisco Neto num Europeu, na Suíça.

Igualmente presente numa fase final vai estar a seleção de "esperanças", orientada por Rui Jorge, ainda à procura de se estrear no historial do Europeu de sub-21, um dos raros cetros que escapa a Portugal.

Já consumado foi o lugar no pódio no Mundial de futebol de praia, com a terceira posição arrebatada nas Seychelles, após ter sido afastado da final pelo campeão Brasil.

Proença inicia o quarto mês de mandato com a proposta de revisão estatutária apresentada, com o reforço dos poderes do presidente federativo na contratação e gestão do pessoal ao serviço, incluindo selecionadores e equipas técnicas, seguindo as diretrizes do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), entre outras.

O antigo árbitro lida, ainda, com outra uma polémica, '"provocada" pelo seu antigo setor, como represália pela recente final da Taça de Portugal, vencida pelo Sporting frente ao Benfica, com os "encarnados" a fecharem as portas às seleções nacionais do Estádio da Luz, em Lisboa, em contestação com a arbitragem.