
O funeral do Papa será diferente do dos anteriores pontífices, pois Francisco aprovou mudanças e a simplificação do ritual das exéquias para destacar o seu estatuto de fiel cristão face ao de chefe da Igreja Católica.
Jorge Mario Bergoglio, que escolheu o nome pelo qual desejava ser conhecido numa homenagem a São Francisco de Assis, o santo dos pobres, eliminou, por exemplo, a obrigação de os papas serem enterrados nos tradicionais três caixões, de cipreste, chumbo e carvalho, optando por apenas um caixão.
Segundo uma norma estabelecida em 1996 por João Paulo II, os funerais papais devem realizar-se entre o quarto e o sexto dias após a morte, tendo o seu ocorrido seis dias depois.
Em relação ao rito, Francisco aprovou em 2024 uma segunda edição do "Ordo Exsequiarum Romani Pontificis", o livro litúrgico aprovado em 1998 por João Paulo II e publicado em 2000.
O arcebispo Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas, explicou em novembro de 2024, na altura em que o Papa recebeu o primeiro exemplar do livro impresso, que Francisco "pediu para simplificar e adaptar alguns ritos para que a celebração das exéquias do bispo de Roma exprimisse melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado".
"Além disso, o rito renovado devia sublinhar ainda mais que o funeral do romano pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não o de um homem poderoso deste mundo", acrescentou, em declarações ao portal de notícias do Vaticano.
Celebrações mantêm as três etapas clássicas
De acordo com as novas regras, as celebrações mantêm as três etapas clássicas - a residência do Papa falecido, a Basílica de São Pedro e o local da sepultura -, mas a verificação da morte passa a acontecer na capela privada do defunto, em vez do quarto, e o corpo deve ser depositado num caixão de madeira, com interior de zinco, antes de ser transferido para a basílica.
Neste local, onde decorre o velório, o corpo deverá ser exposto diretamente no caixão, sendo depois, como escolheu Francisco, enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e não na cripta da Basílica de São Pedro, onde estão enterrados a maioria dos papas.
Bento XVI e o seu antecessor João Paulo II foram enterrados nas Grutas do Vaticano, tendo as exéquias do primeiro seguido em geral o modelo das de um sumo pontífice, apesar de já não ocupar o cargo e não estar regulamentada a figura do Papa emérito.
Cerimónias fúnebres de João Paulo II iniciaram-se a 2 de abril de 2005
As cerimónias fúnebres de João Paulo II iniciaram-se no dia em que morreu, a 2 de abril de 2005, com a entoação do Salmo conhecido como "De profundis" (das profundezas) logo após o anúncio da sua morte e antes de os sinos começarem a tocar nas igrejas de Roma.
O corpo ficou em câmara ardente na Basílica de São Pedro, aberta ao público, desde dois dias depois da morte até à véspera do enterro, no dia 08 abril, data decidida pelo Colégio dos Cardeais.
A missa fúnebre, celebrada no adro da Basílica, durou duas horas e meia e o caixão foi transportado para a cripta onde foi colocado num segundo caixão e num terceiro antes de ser sepultado sob uma lápide com as datas de nascimento e morte de João Paulo II e o nome inscrito em latim.
Assistiram ao funeral perto de um milhão de pessoas, entre as quais cerca de duas centenas de dirigentes de todo o mundo, incluindo o então Presidente da República português Jorge Sampaio, sentados numa tribuna de honra colocada no adro da Basílica, enquanto em todo o mundo milhões acompanharam as cerimónias pela televisão, em ecrãs gigantes colocados em praças, ruas e igrejas.