
Alexandre Fonseca, antigo CEO da Altice Portugal, foi esta quinta-feira constituído arguido, no âmbito da Operação Picoas, que investiga corrupção na empresa de telecomunicações.
O empresário chegou a ser alvo de buscas há quase dois anos, mas não chegou a ser detido nem constituído arguido. Foi agora chamado ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) para ser interrogado pelo Ministério Público.
À saída do DCIAP, um momento captado em exclusivo pela SIC, Alexandre Fonseca, na companhia do advogado Rogério Alves, rejeitou prestar declarações.
Alexandre Fonseca diz que esclareceu “todas as questões levantadas”
O antigo CEO da Altice afirmou à agência Lusa que é sem surpresa e alarme que assume estatuto de arguido no processo, após "esclarecer todas as questões levantadas".
"Estive hoje no Departamento Central de Investigação e Ação Penal para ser ouvido no âmbito da chamada Operação Picoas, confirmou à Lusa Alexandre Fonseca.
"Finalmente, ao fim de quase dois anos, fui confrontado com questões relacionadas com a Altice no âmbito do processo e foi-me dada oportunidade de tomar conhecimento e de, cabalmente, esclarecer todas as questões levantadas", acrescentou.
Por isso, "é sem surpresa ou alarme que assumo o estatuto de arguido após prestar declarações que há muito esperava e ambicionava poder prestar".
Operação Picoas: o que está em causa
Em causa no processo Picoas estão suspeitas de corrupção e falsificação de documento, relacionadas com decisões do grupo Altice que terão defraudado o Estado em mais de 100 milhões de euros, indicou anteriormente o Ministério Público.
Aliás, "seria, a todos os títulos, incompreensível ou até estranho, para não dizer quase impossível, que o presidente executivo da empresa, à época dos factos sob investigação, fosse deixado de fora de tal processo", adiantou o gestor.
"Desde julho de 2023 aguardava esta oportunidade para contribuir para o apuramento dos factos, esclarecendo a forma como desempenhei funções entre 2017 e 2022, sendo que os factos alegadamente imputados são exclusivamente aqueles que foram veiculados na comunicação social há cerca de dois anos e os quais serão cabalmente clarificados".
"Considero que este é o melhor estatuto processual -- não para me defender, mas sim para, com serenidade e rigor, contribuir para o desfecho rápido e justo da investigação", rematou Alexandre Fonseca.
A investigação foi tornada pública em 13 de julho de 2023, quando foram detidos o cofundador do grupo Altice Armando Pereira e outras duas pessoas.
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Cinco dias mais tarde, Alexandre Fonseca suspendeu todas as funções no grupo Altice, onde era co-presidente executivo (co-CEO) da Altice Europe e presidente do Conselho de Administração ('chairman') da Altice Portugal e da Altice USA.
Em janeiro de 2024, o gestor anunciou no LinkedIn, no Facebook e no X ter chegado a acordo com o grupo Altice para a sua saída da empresa.
Segundo os procuradores, envolve transferências de dinheiro e uma extensão geográfica com uma dimensão poucas vezes vista nas investigações em Portugal.
Com Lusa