Olaf Scholz tem pelo menos um desejo para 2025. Consciente da polémica e do mal-estar gerado por Elon Musk — que apoiou a extrema-direita alemã a dois meses das eleições legislativas antecipadas —, o chanceler deixou um recado ao homem mais rico do mundo sem mencionar o seu nome: “As eleições alemãs não serão decididas por proprietários de redes sociais”.

No discurso de Ano Novo (que ainda não foi transmitido na televisão mas já foi disponibilizado à imprensa), Scholz pediu aos alemães, ainda que indiretamente, para não se deixarem influenciar por aquilo que Musk, proprietário da rede social X (antigo Twitter), disse sobre o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) a propósito das eleições que se avizinham.

“Apenas a AfD pode salvar a Alemanha”, publicou Elon Musk no X, no dia 21 de dezembro. Mais recentemente, este sábado, o multimilionário e futuro membro da Administração de Donald Trump voltou a apoiar a AfD num detalhado artigo de opinião publicado no jornal alemão “Welt am Sonntag”.

Scholz sublinhou que só os cidadãos alemães têm o poder democrático de decidir “para onde vai a Alemanha” nas legislativas de 23 de fevereiro. Esse destino “caberá à grande maioria das pessoas razoáveis e decentes” e “as eleições não serão decididas por proprietários de canais das redes sociais”, atirou.

“Afinal de contas, é costume pedir desejos na véspera de Ano Novo. O que eu desejo é que não nos deixemos manipular uns pelos outros”, disse ainda o chanceler alemão, do Partido Social-Democrata (SPD, de centro-esquerda), que concorre novamente como a candidato a primeiro-ministro pelo seu partido.

Nas sondagens, o bloco de centro-direita formado pela União Democrata-Cristã (CDU) e pelo partido irmão na Baviera (CSU) surge em primeiro lugar, seguido pela extrema-direita AfD, e depois pelo SPD de Olaf Scholz.

O chanceler mencionou também o recente ataque ao mercado de Natal, em Magdeburgo, a 20 de dezembro — no qual cinco pessoas foram atropeladas mortalmente e mais de 200 ficaram feridas. Alegadamente, o autor é de origem saudita e simpatizante da extrema-direita. Segundo avançou o Governo alemão esta segunda-feira, apresenta “sinais de perturbações psiquiátricas”.

Surgiu muita desinformação nas redes sociais após o ataque em Magdeburgo quanto às origens do suspeito, Taleb Jawad al-Abdulmohsen, médico de 50 anos, “no entanto, um grande número de rumores e conjeturas foi entretanto desmentido”, afirmou Olaf Scholz. “Estas coisas dividem-nos e enfraquecem-nos. Isto não é bom para o nosso país”.