No final de 2023, a Região Autónoma da Madeira tinha 12.202 explorações agrícolas e uma Superfície Agrícola Utilizada (SAU) de 4.702,9 hectares, sendo que um 1 hectare corresponde 100 ares ou seja 10.000 m². Estas são as principais conclusões do Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas 2023 (IEEA 2023), divulgada esta manhã pela Direção Regional de Estatística da Madeira, que face ao Recenseamento Agrícola de 2019 (RA19), revela que "o número de explorações agrícolas caiu 9,8%, enquanto a SAU cresceu 2,1%".

Diz a DREM que "é de assinalar que, historicamente, tanto os recenseamentos agrícolas (realizados habitualmente a cada 10 anos) quanto os inquéritos estruturais têm revelado sucessivas reduções da área de SAU na Região, situação desta vez contrariada no IEEA2023". Assim, dado "o crescimento da SAU e a redução do número de explorações na RAM conduziram a um aumento da área média de SAU - calculada através da divisão da SAU pelo número de explorações com SAU (12.186) - que se fixou nos 3.859 m2, valor superior ao apurado no RA 2019 (3.416 m²)", dá conta.

Em termos específicos, "nas culturas temporárias (1.454,1 hectares; -9,3% que em 2019), destacam-se as diminuições nas áreas de hortícolas (-21,6%), culturas industriais (-20,1%), flores e plantas ornamentais e no agregado da batata-doce com o inhame (em ambos os casos, -18,0%)", mas salienta que "não obstante estas quebras, as hortícolas continuam a ser as mais relevantes dentro do grupo das culturas temporárias, concentrando 38,9% da área total deste grupo".

Já nas "culturas permanentes (2.434,2 hectares; +4,8% que em 2019), destaca-se o aumento da área das culturas de frutos subtropicais, que passou de 1.076,4 hectares em 2019 para 1.208,2 hectares em 2023, o que corresponde a um crescimento de 12,3% no período, impulsionado sobretudo pela expansão da área de bananeiras. A segunda cultura permanente mais relevante é a vinha, com 623,3 hectares (25,6% do total), que registou uma diminuição de 13,3%. Embora com menor expressão em termos de área, salienta-se também o crescimento dos frutos frescos (+7,1%) e dos citrinos (+56,1%)", aponta.

Outro indicador referente a 2023, é que "86,8% da SAU tinha condições de ser regada, caso o produtor assim o desejasse, representando um aumento de 0,7 p.p. em relação ao registado no RA19", sendo "de salientar que as áreas de pastagens permanentes apresentam a menor percentagem de superfície irrigável (22,5%), enquanto nas culturas permanentes esse valor atinge 96,9% e nas terras aráveis, 96,3%".

Por falar em animais, "neste ano, contaram-se aproximadamente 5,9 mil ovinos, 4,3 mil suínos, 3,9 mil caprinos e 3,6 mil bovinos nas explorações agrícolas da RAM, observando-se um ligeiro aumento global destes efetivos, na ordem dos 1,8% face ao RA19", diz a DREM. "De notar que a informação sobre os animais tem como referência o dia 1 de Setembro de 2023".

Por fim, o número de pessoas dedicadas à terra. "Em 2023, a população agrícola familiar na RAM (constituída pelo produtor agrícola e pelo seu agregado doméstico) era de 34.532 indivíduos, menos 2.399 que em 2019, representando uma diminuição de 6,5%".

Estimativas para 2024

Segundo as estimativas para o ano de 2024, fornecidas pela Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRA) à DREM, isto é "relativas às áreas e produções agrícolas regionais, a batata continua a ser, entre as culturas temporárias, a cultura com maior volume de produção, totalizando 17.353 toneladas, o que representa um acréscimo de 4,3% face a 2023", diz. "A cana-de-açúcar surge como a segunda produção mais relevante deste grupo, com 8.920 toneladas, valor superior em 60 toneladas ao registado em 2023 (+0,7%)". Segue-se "a batata-doce, com 7.703 toneladas, cuja produção sofreu um decréscimo de 679 toneladas, correspondendo a uma redução de 8,1% face ao ano anterior", calcula.

Nas culturas permanentes, as estimativas de 2024, mostram que "as produções de banana e de uva de castas Vitis vinifera registaram decréscimos face ao ano anterior: a banana totalizou 25.688 toneladas (-3,0%) e a uva 3.232 toneladas (-20,5%)", aponta. "Relativamente à banana comercializada pela empresa GESBA, é de salientar que, em 2024, a de categoria extra representava 83,0% do total processado, valor inferior ao registado em 2023 (84,7%). No caso da uva (segundo dados do Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira - IVBAM, I.P.), 76,3% da produção total correspondia à casta Tinta Negra, face a 73,2% em 2023", dados esses divulgados com maior frequência e já conhecidos.

No domínio da agricultura biológica, "contabilizaram-se 148 agricultores em 2024, com uma área agrícola respetiva de 208,7 hectares em produção biológica. Adicionalmente, 53 agricultores estavam em processo de conversão para este tipo de produção, abrangendo uma área de 64,7 hectares", anuncia.

Também dados conhecidos, no ramo da avicultura industrial, "a produção de ovos totalizou 32,4 milhões de unidades em 2024, significando uma diminuição de 0,9% face ao ano anterior. Tendência inversa foi registada no abate de frango, cujo volume rondou as 3,5 mil toneladas, o que representa um acréscimo de 1,1% em relação a 2023. Em 2024, o total de reses abatidas e aprovadas para consumo da população situou-se nas 881,2 toneladas (peso limpo), menos 8,1% que no ano precedente. Este decréscimo reflete as quebras verificadas no abate de suínos (-70,5%) e de bovinos (-4,3%), sendo esta última espécie a mais abatida, com 97,6% do total", conclui.