O candidato presidencial Luís Marques Mendes defendeu esta terça-feira que o cargo de Presidente da República "deve ser exercido por quem tem mais experiência política", assegurando que "não é um voto no desconhecido nem um tiro no escuro". "Todos se podem, naturalmente, candidatar. Não é isso que está em causa. Mas aos portugueses compete avaliar. E desde logo deve ter em atenção isto. O cargo mais político na estrutura do Estado em Portugal deve ser exercido também pela democracia por quem tem mais experiência política. Nada disto é corporativo. Tudo isto é bom senso", afirmou Mendes no discurso de encerramento da apresentação da comissão de honra da sua candidatura à Presidência da República, no edifício da UACS - União de Associações do Comércio e Serviço, em Lisboa.

Marques Mendes afirmou que os mais de 20 anos em cargos públicos e mais de 10 de comentário televisivo permitiram aos eleitores conhecê-lo "muito bem", desde o seu pensamento político até aos seus defeitos. Um voto na sua candidatura "não é nem um voto no desconhecido, nem um tiro no escuro", mas sim um "voto na experiência".

O antigo presidente do PSD defendeu que a sua experiência política traduz-se em "segurança, previsibilidade e confiança", e assegurou que a sua candidatura é uma "aposta na independência". Apesar de agradecer o apoio do PSD à sua candidatura, Marques Mendes garantiu que preza a sua independência, "elogiando quando o elogio faz sentido" e "criticando quando as decisões assim o exigem".

"Agirei sempre assim na Presidência da República. Com isenção, imparcialidade e independência. Na linha da tradição de todos os Presidentes da República até hoje", acrescentou Marques Mendes.

Marques Mendes lembrou ainda o seu papel na última revisão constitucional em que "negociou o direito de voto dos portugueses que vivem fora de Portugal" e incluir na Constituição a possibilidade de "reduzir de 230 para 180 o número de deputados na Assembleia da República". "Não é preciso nova revisão constitucional para reduzir deputados. Basta coragem para cumprir a revisão anterior. Foi a mesma ambição que me levou a negociar o direito de mudar as leis eleitorais, criando, por exemplo, um ciclo nacional para reduzir substancialmente os votos que atualmente são desperdiçados", frisou.

Antes, interveio a presidente da comissão de honra da candidatura, Leonor Beleza, que defendeu que Marques Mendes como Chefe de Estado colocará os interesses do país acima de quaisquer outros, e argumentou que um Presidente da República "não é um árbitro". "O Presidente da República não é um árbitro, não estamos no futebol aqui. Não tem o Presidente da República como árbitro que enfrenta as diferenças ou as competições entre distintas equipas. O Presidente da República é ele próprio um ator. É um ator de primeira grandeza, nos termos da nossa arquitetura constitucional. Ele não arbitra, ele participa", afirmou Beleza a quem também coube a leitura da carta de apoio enviada por Manuela Eanes.

Também o autarca de Lisboa, Carlos Moedas, discursou para sublinhar que Marques Mendes "foi sempre uma voz cuja opinião poucos prescindiam de ouvir" e argumentar que vê no antigo líder social-democrata a audácia e "a moderação de quem faz pontes" e que considera necessária num Presidente.


Apoios de Toy, António Sala e Carla Castro

O cantor Toy, o apresentador António Sala e a antiga militante da IL Carla Castro são três das mais de 100 figuras que integram a comissão de honra apresentada esta terça-feira.

Entre os nomes que constam nesta lista liderada por Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud e conselheira de Estado, estão diversas figuras do desporto como Toni, ex-jogador e antigo treinador de futebol, os ex-árbitros Duarte Gomes e Artur Soares, Carlos Lisboa, ex-basquetebolista e a canoísta Teresa Portela.

Na área da cultura, constam os nomes do cantor Toy - que em eleições anteriores anunciou o seu apoio à CDU -, as atrizes Rita Salema, Sílvia Rizzo e Sofia Grilo, o apresentador de rádio António Sala, o ator Carlos Cunha e as escritoras Alice Vieira e Margarida Rebelo Pinto.

Também diversas figuras da defesa manifestam o seu apoio a Marques Mendes, como os antigos Chefes do Estado-Maior da Força Aérea, o general José Taveira Martins e o general Manuel Rolo, e o ex-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Artur Pina Monteiro.

Da política nacional, figuram os nomes de José Gomes Mendes, antigo secretário de Estado do Governo socialista de António Costa, Carla Castro, antiga membro e candidata à liderança da IL, os ex-ministros Luís Mira Amaral, Paula Teixeira da Cruz e José Silva Peneda

No total são 108 nomes, onde constam também figuras como o reitor da UTAD, Emídio Gomes, o presidente da Confagri, Idalino Leão, a eurodeputada Lídia Pereira, Nuno Amado, 'chairman' do BCP, a professora universitária Raquel Vaz Pinto ou o advogado Agostinho Pereira Miranda.