
Alguns políticos extremistas israelitas, incluindo membros do executivo de Benjamin Netanyahu e defensores de colonatos judaicos em territórios palestinianos, apresentaram esta terça-feira planos para transformar a Faixa de Gaza numa "Riviera", como sugerido pelo Presidente norte-americano Donald Trump.
Designada "A Riviera em Gaza: Da Visão à Realidade", a reunião pública no parlamento israelita (Knesset) em Jerusalém foi organizada por alguns dos membros mais radicais da política israelita, e os convidados incluíram o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e a ativista Daniella Weiss, defensora dos colonatos judaicos em Gaza.
Os participantes da reunião no Knesset, promovida enquanto agências humanitárias internacionais alertam para a iminência de fome generalizada em Gaza, discutiram um "plano mestre", desenvolvido pelo movimento pró-colonatos de Weiss, para restabelecer uma presença judaica permanente em Gaza.
Este plano detalhado prevê a construção de habitações para 1,2 milhões de judeus, bem como o desenvolvimento de zonas industriais e agrícolas e complexos turísticos na costa.
Oito colonatos judaicos estabelecidos na Faixa de Gaza foram desmantelados em 2005 com a retirada unilateral de Israel do território após 38 anos de ocupação.
Em fevereiro, o Presidente norte-americano, Donald Trump, provocou protestos ao declarar que os Estados Unidos iriam assumir o controlo de Gaza e transformá-la na "Riviera" do Médio Oriente, uma vez esvaziada dos seus habitantes palestinianos, que sugeriu que fossem acolhidos por outros países.
Desde então, um pequeno mas muito ativo segmento da sociedade israelita tem vindo a reivindicar o realojamento dos colonatos em Gaza.
Estas vozes já vinham ganhando projeção desde o ataque de 07 de outubro de 2023 contra Israel pelo Hamas, movimento islamita palestiniano considerado terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e outros países.
O ataque resultou na morte de 1.219 pessoas do lado israelita, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Das 251 pessoas raptadas nesse dia, 49 continuam reféns em Gaza, 27 das quais foram declaradas mortas pelo exército.
Em resposta, Israel lançou uma grande campanha militar em Gaza contra o Hamas, em que morreram mais de 59 mil pessoas, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados credíveis pela ONU.
Na segunda-feira, 25 países, incluindo Portugal, emitiram uma declaração apelando a um cessar-fogo imediato em Gaza e denunciando o modelo "perigoso" de entrega de ajuda humanitária por parte de Israel.
"O modelo de distribuição de ajuda do Governo israelita é perigoso, alimenta a instabilidade e priva os residentes de Gaza da sua dignidade humana. Condenamos a distribuição de ajuda em cascata e o assassinato desumano de civis, incluindo crianças, que tentam satisfazer as suas necessidades mais básicas de água e alimentos", afirmam os signatários no texto.
O grupo de signatários é composto pela Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Nova Zelândia, Noruega, Polónia, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido.
O Governo do Egito também manifestou o seu apoio a esta declaração, tal como o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita, entre outros países.
A ONU acusou hoje o Exército israelita de matar em Gaza, desde final de maio, mais de mil pessoas que tentavam obter ajuda, a maioria em locais geridos por uma fundação apoiada pelos Estados Unidos e por Israel.
Os números são rejeitados por Israel, que acusa elementos do Hamas de se esconderem entre os civis.