
Os protestos contra o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, regressaram às ruas de Los Angeles, como parte de um dia de luta nacional intitulado "Good Trouble Lives On".
Na quinta-feira, os manifestantes compareceram a eventos em várias zonas do condado de Los Angeles, desde a baixa, onde em junho houve confrontos por causa das rusgas de imigração, até Burbank, Culver City, Glendale, West Hollywood ou Pasadena.
Organizado pelos grupos Transformative Justice Coalition, Black Voters Matter, Indivisible, Declaration For American Democracy e Public Citizen, o protesto foi nacional e passou por mais de 1.500 comunidades nos 50 estados do país.
No sábado, haverá nova marcha em West Hollywood, organizada pelo grupo Indivisible e sob o mote "No Kings March", uma sequência ao "Dia Sem Rei" que reuniu milhões de manifestantes a 14 de junho.
Los Angeles foi o epicentro da resistência a Trump no último mês, com manifestações concentradas na baixa que levaram o Presidente a mobilizar quatro mil militares da Guarda Nacional contra a vontade do governador da Califórnia, Gavin Newsom.
Pelo menos metade dos militares desmobilizou esta semana por ordem do Presidente, numa altura em que as rusgas de imigração continuam, mas a estratégia dos manifestantes mudou para ações de ajuda à comunidade imigrante.
Medo de perderem o poder de voto presente
Jan é uma das manifestantes que compareceu no protesto em Burbank com a família. Aos 84 anos, diz não conseguir "dormir à noite" e teme o que se segue.
"Nunca pensei que iria ver isto. A perda do nosso país para alguém que está a destruir a nossa constituição e o mundo", afirmou.
Jan disse temer que Trump cancele as próximas eleições e declare lei marcial, apontando para a ineficácia dos tribunais em conter as decisões do governante.
"É importante estarmos aqui. O que mais podemos fazer?" questionou.
A luta nacional foi marcada para o dia do quinto aniversário da morte do congressista John Lewis (1940-2020), histórico democrata que lutou pelos direitos civis nos anos 60 do século XX e que os ativistas quiseram homenagear.
Foi precisamente por isso que Randy Silverston esteve no protesto, apesar de a idade já lhe dar problemas de locomoção. Quis lembrar o congressista, que conheceu numa campanha de registo de eleitores em estados do sul - Alabama, Geórgia e Mississípi. "Ele era um amigo", disse à Lusa.
John Lewis era também um ativista que se destacou pela ênfase nos protestos não violentos, tendo sido preso mais de 40 vezes durante o movimento pelos direitos civis.
Rusgas das autoridades de imigração e autoritarismo na origem dos protestos
Muitos dos que protestaram em Burbank, cidade no vale de São Fernando onde está sediada a empresa de entretenimento Warner Bros, empunhavam cartazes recordando a expressão "good trouble", que John Lewis usava para descrever ações que causam "bons problemas", de forma a conseguir um resultado positivo.
"A resistência é um bom problema", dizia o cartaz de Cherie S., uma ativista ligada ao grupo 'Civic Sundays' (Domingos Cívicos) que também saiu à rua. "As pessoas estão zangadas. Isto permeou a barreira até mesmo daqueles que antes não se importavam", sublinhou.
As causas mais referidas pelos manifestantes foram as rusgas das autoridades de imigração e a postura autoritária da Casa Branca, mas também houve referências à Rússia e à polémica em torno de Jeffrey Epstein, o milionário que morreu por suicídio em 2019 quando aguardava julgamento pelo abuso sexual de menores.
"Merecemos melhor", dizia o cartaz de um jovem sentado na relva. Outros cartazes pediam "Fim ao fascismo", "Resistam" e "Mantenham os imigrantes, deportem o Trump", enquanto carros buzinavam em sinal de apoio ao passar pelo local.
Para Denise Novak, foi o quinto protesto desde o início do ano. "Odeio este homem", disse à Lusa, em referência a Trump. "Tenho amigos em todo o mundo e todos me perguntam o que é que a América estava a pensar quando o elegeu", lamentou.