
Dez imãs da mesquita de Torre Pacheco, Múrcia, Espanha, reuniram-se na madrugada de hoje com dezenas de jovens marroquinos para lhes pedir que ficassem em casa, para evitar novos tumultos nas ruas, nos quais já foram detidas 13 pessoas - as últimas três durante esta madrugada, de acordo com o El País.
A reunião ocorreu poucos minutos depois das 22h numa das principais ruas de Torre Pacheco, no bairro de San Antonio, palco dos tumultos das últimas noites, com menos incidentes e com uma grande presença dos meios de comunicação social.
Dois porta-vozes dos imãs pediram aos jornalistas para não registarem aquela assembleia improvisada, para a qual pediram autorização à Guardia Civil, e sublinharam que o conflito em Torre Pacheco surgiu devido à chegada de pessoas de fora, porque naquela cidade espanhola povos do Norte de África e espanhóis "sempre se deram muito bem".
"Nós, os mais velhos, estamos a tentar acalmar os miúdos [referindo-se aos jovens] para que não haja nada e que a violência passe neste momento", afirmou um dos porta-vozes, que apelou também para que se evite o "racismo".
"Queremos paz e queremos que a Guardia Civil e a polícia façam o seu trabalho, porque estamos fartos de delinquentes. Não os queremos, não queremos pessoas que atacam um idoso", sublinhou.
Além disso, explicou que, na sequência da agressão contra o vizinho de 68 anos, na passada quarta-feira, os marroquinos receberam ameaças graves "de pessoas de fora de Torre Pacheco", razão pela qual insistiram em exigir que as pessoas de fora da cidade não viessem para aqui por uma questão de "paz e sossego".
Questionado sobre uma manifestação convocada nas redes sociais para esta terça-feira, às 22h, por grupos de extrema-direita, insistiu na ideia de que, para a tranquilidade da população, deve-se evitar a chegada de agitadores vindos do exterior.
E deu como exemplo a possível presença do líder do grupo Desokupa, que temem que possa, entre outros, fomentar um conflito "mais típico da Síria e do Iraque do que de uma cidade perdida em Múrcia".
Desde sexta-feira, dia em que começaram os tumultos em Torre Pacheco, uma cidade do sudeste de Espanha, já foram detidas dez pessoas na sequência dos motins anti-imigrantes, três das quais relacionadas com o ataque a um reformado que desencadeou a violência, anunciaram hoje as autoridades.