“Se nós olharmos para aquilo que é a dimensão da precariedade existente no mundo do trabalho, Portugal é o segundo país da União Europeia com uma precariedade maior, mas esta consegue ter mais expressão na Região da Madeira, com cerca de 27 mil trabalhadores apenas no sector privado em situação de precariedade laboral”. A constatação é de Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP-IN, que fez um balanço da sua visita de dois dias à Região em conversa telefónica com o DIÁRIO/TSF-Madeira.

De acordo com o dirigente sindical, “no panorama nacional nós temos cerca de 57% dos trabalhadores com rendimentos inferiores a 1.000 euros por mês”, mas esse número “consegue ser superior aqui na Madeira, cerca de 58% dos trabalhadores na Região, que levam para casa um salário bruto inferior a 1.000 euros por mês”.

Contas feitas, “cerca de 20% da população da Madeira vive em risco de pobreza”. “Se nós olharmos aos números (…) nós percebemos, de facto, que estamos numa Região onde há uma necessidade enorme de resposta aos problemas concretos daqueles que trabalham e que vivem no seu trabalho”, reforça Tiago Oliveira.

Fazendo referência ao Programa do Governo, o secretário-geral da CGTP-IN realça que “é o próprio Governo que assume que, no nosso País, temos dois milhões de pessoas que se encontram, mesmo recebendo apoios sociais, em situação de risco de pobreza”.

“Está escrito no programa do governo. A questão aqui central é que todos esses números têm maior dimensão e maior impacto na Região da Madeira”, insiste.

Para Tiago Oliveira urge, assim, “encontrar uma resposta política, para todos estes problemas, seja na questão dos salários, seja na questão dos direitos, seja na questão da resposta a nível do sector público”.

Ainda sobre a intenção tornada pública pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, de propor alterações à lei laboral, incluindo à lei da greve, o dirigente vinca que “aquilo que se está a tentar limitar, é um impacto desse direito do trabalhador. É colocar mais uma vez o trabalhador numa situação de fragilidade, colocar mais uma vez o trabalhador numa peça secundária, quando os trabalhadores, que são a grande maioria, devem ser a parte central de qualquer política, de qualquer resposta social”.

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“Isto não é um erro, é um caminho seguido, pensado, propositado daqueles que respondem sempre aos interesses dos mesmos e deixam de responder aos interesses da maioria. A maioria foram aqueles que trabalharam a vida inteira e que têm reformas de miséria e que continuam a ter as dificuldades que têm. A maioria são aqueles que trabalham todos os dias e que, fruto do seu trabalho, permitem que nada falte na nossa vida. A maioria são aqueles que hoje estudam, que amanhã chegam ao mercado de trabalho e aquilo que vão encarar é um mundo de incerteza, de precariedade, de salários baixos e de exploração”, remata.