Machico volta este fim-de-semana ao século XVI com a 18.ª edição do Mercado Quinhentista, um dos eventos mais identitários da Madeira, que promete transformar a cidade numa verdadeira vila do Renascimento. Em declarações exclusivas ao DIÁRIO, Ricardo Caldeira, da organização, sublinha o envolvimento da comunidade e o valor educativo da iniciativa, para além da animação que já se tornou imagem de marca do certame.

“Para já, se o tempo nos ajudar – e pensamos que sim –, vamos voltar a encher Machico, com muitos florestais que vêm à procura de uma festa totalmente diferente dos restantes arraiais da Madeira», afirma. “É uma festa com muita identidade e com muito sentido se fazer na baía de Machico – foi aqui que chegaram os primeiros provadores e é isso que nós estamos a representar”, explica.

O evento, que este ano homenageia ‘Mesteres: o saber nas mãos’, dedica-se à valorização dos ofícios manuais e do saber-fazer tradicional. “Estamos a valorizar o artesanato, os ofícios, as pessoas que trabalham com as mãos e isso é muito importante, porque é uma área que infelizmente em Portugal estamos a perder e todos nós necessitamos”, salienta Ricardo Caldeira.

A estrutura do mercado mantém-se semelhante às edições anteriores, mas a organização procura sempre introduzir elementos novos. Este ano, destaca-se uma animação reforçada: “Temos 50 grupos de animação, entre escolas e grupos profissionais, e 9 grupos que vêm de fora. Vamos ter o mercado a fervilhar, como eu costumo dizer – há muito para ver, muito para comer, muito para se divertir. É uma festa para toda a família”, reforça.

O impacto do evento é expressivo: “Estamos neste momento com 1.400 figurantes. Mas o mais importante é que é uma festa de comunidade. O concelho de Machico conseguiu envolver-se – temos cada vez mais pessoas que fazem as suas roupas, que entram de forma anónima, praticamente todas as associações do concelho e 14 escolas da região querem participar neste projecto, que é essencialmente educativo”, reafirma.

Quanto a custos, o professor e coordenador não hesita: “O principal valor não está avaliado – são as pessoas” e por isso diz ser impossível quantificar todos os custos associados. Ainda assim, revela que o orçamento se fixa nos 120 mil euros, com o apoio da Câmara Municipal de Machico e do Governo Regional.

A preparação do evento começa com grande antecedência: “Isto não se faz de um dia para o outro. Temos de contratar os profissionais com tempo, senão há sete feiras do género em Portugal na mesma data. Queremos ter cá os melhores, porque queremos que os nossos alunos tenham referências do que melhor se faz na dança e na música desta época”.

Além do planeamento logístico e artístico, a organização prepara também conteúdos educativos para as escolas: “Partilhamos esta mensagem do que são os mistérios, da importância das mãos e do saber-fazer, com textos de enquadramento que passam pelas escolas e pelas salas”, concretiza.