
Bolojan, de 56 anos, terá agora de resolver uma grave situação financeira e tentar reconciliar um país profundamente dividido.
"Ilie Bolojan é a melhor pessoa para levar a cabo as reformas necessárias no aparelho de Estado romeno", afirmou o Presidente romeno, num discurso formal em Bucareste.
Ao seu lado, o futuro chefe do Governo disse estar "consciente da sua grande responsabilidade face à difícil situação orçamental" da Roménia, o país da União Europeia (UE) com o maior défice do bloco europeu (9,3% no final de 2024).
A sua nomeação precisa agora de ser ratificada pelo Parlamento, onde espera receber o apoio dos quatro partidos pró-europeus.
A extrema-direita - que conquistou um terço dos lugares nas eleições de dezembro - classificou as negociações políticas recentes de "vergonhosas" e considerou serem um "insulto", nas palavras do líder do partido nacionalista AUR, George Simion, que foi excluído das discussões.
Simion foi candidato à presidência em maio, perdeu a segunda volta para Nicusor Dan, que nessa altura era presidente da Câmara de Bucareste, apesar de um resultado superior a 40% na primeira volta, num cenário de descontentamento entre uma população empobrecida pela inflação e que ansiava por uma "limpeza" das elites que estavam no poder há décadas.
Esta ascensão das forças eurocéticas que se opõem à ajuda militar a Kiev causou preocupação em Bruxelas, uma vez que o país de 19 milhões de habitantes tem estado na linha da frente da NATO desde o início da guerra na vizinha Ucrânia.
Nos últimos dias, as negociações permitiram a nomeação de Ilie Bolojan, que ocupou temporariamente a presidência interina, esperando-se que um governo seja formado na próxima semana.
A Roménia mergulhou numa crise política após o cancelamento da eleição presidencial de 24 de novembro do ano passado, que foi dominada por um candidato de extrema-direita praticamente desconhecido.
As autoridades justificaram esta decisão extremamente rara na UE com suspeitas de interferência russa na sua campanha na rede social TikTok, com dezenas de milhares de romenos a saírem à rua para denunciar um "golpe de Estado".
Bolojan, licenciado em Matemática e Mecânica, manteve-se afastado do panorama político durante muito tempo antes de ser chamado para a nova tarefa.
No final de 2024, Bolojan tinha assumido a liderança do Partido Liberal e a presidência do Senado, onde demitiu 150 funcionários em nome do "combate ao desperdício do dinheiro público".
RJP // APN
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