O líder da coligação rebelde que derrubou o regime do presidente da Síria Bashar al-Assad garantiu esta terça-feira que vai perseguir "criminosos de guerra" e prometeu anunciar em breve uma lista de alvos.

"Não hesitaremos em responsabilizar os criminosos, assassinos, agentes de segurança e militares envolvidos na tortura do povo sírio", disse Ahmad al-Chareh, mais conhecido pela alcunha de guerra, Abu Mohammed al-Jolani.
"Perseguiremos os criminosos de guerra e exigiremos [a extradição] aos países para onde fugiram, para que recebam a justa punição", disse Al-Chareh, num comunicado divulgado nas rede sociais.

O presidente sírio Bashar al-Assad, que esteve no poder 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde e exilou-se na Rússia, de acordo com as agências de notícias russas TASS e Ria Novost.

"Vamos anunciar uma primeira lista que inclui os nomes dos principais envolvidos na tortura do povo sírio", disse o líder do grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS).

Al-Chareh indicou que serão oferecidas "recompensas a quem fornecer informações sobre altos funcionários militares e de segurança envolvidos em crimes de guerra".

"Afirmámos o nosso compromisso de tolerar aqueles que não têm as mãos manchadas com o sangue do povo sírio e concedemos amnistia aos que estavam em serviço obrigatório", referiu o comunicado.
"O sangue dos mártires inocentes e os direitos dos detidos são uma confiança que não permitiremos que seja desperdiçada ou esquecida", concluiu.

Na segunda-feira, Ibrahim al-Hadid, o secretário-geral do partido sírio Baath, que era liderado por Al-Assad, garantiu que vai "apoiar uma fase de transição na Síria, visando defender a unidade do país".

Ahmad al-Chareh encontrou-se, também na segunda-feira, com o ex-primeiro-ministro Mohammed al-Jalali para coordenar uma transição de poder garantindo a prestação de serviços" à população síria, anunciou o HTS.

Também esteve presente no encontro o primeiro-ministro que lidera o "Governo de Salvação" do bastião dos rebeldes no noroeste da Síria.

Antes, o movimento encarregou Mohamed al-Bashir, o líder do "Governo de Salvação" - a administração de facto na província síria do norte de Idlib controlada pelo HTS - de formar um Governo de transição, noticiou a televisão síria, dirigida agora pela oposição.

Segundo a televisão síria, a reunião entre os líderes rebeles e o ex-primeiro-ministro destinou-se a evitar que o país entre num estado de caos depois da queda do regime.

O HTS, após a tomada de poder na Síria, lançou vários comunicados nos quais prometeu tolerância em relação aos seguidores de diferentes igrejas e confissões no país, e advertiu os membros de que devem evitar maus-tratos ou agressões aos civis.

Queda do regime na Síria: ONU defende punição para infratores

A ONU defende que todos os responsáveis por violações dos direitos humanos na Síria devem ser punidos. Depois da queda de um regime com mais de cinco décadas, as Nações Unidas esperam agora que o futuro do povo sírio seja clarificado o quanto antes.

"Queremos ver o melhor futuro possível para o futuro sírio. Um escolhido por eles, que seja inclusivo, um que respeite na totalidade os direitos das minorias", disse Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.

Com Lusa