
Uma vez que a cúpula do Estado estava vazia desde a deposição de Yoon Suk Yeol, Lee Jae-myung tomou posse imediatamente após a certificação da sua vitória, sem o habitual período de transição entre dois líderes.
"O mandato presidencial começa assim que o vencedor é confirmado, por isso vou agora indicar a hora. A hora atual é 06:21 (21:21 TMG de terça-feira). A Comissão Nacional de Eleições declara Lee Jae-myung do Partido Democrático (centro-esquerda) como o Presidente eleito", proferiu o presidente do organismo eleitoral, Roh Tae-ak.
Antigo operário fabril, com 60 anos, Lee Jae-myung venceu as eleições com 49,42% dos votos contra 41,15% do seu opositor de direita, o conservador Kim Moon-soo, de acordo com os resultados finais publicados pela Comissão. Kim admitiu a derrota e felicitou Lee durante a noite.
Lee assume o comando de um país ultra-polarizado, cuja economia foi enfraquecida pelas guerras comerciais globais declaradas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O novo Presidente terá agora de definir o lugar da Coreia do Sul no confronto entre a China, o seu maior parceiro comercial, e os Estados Unidos, o garante tradicional da segurança do país.
O chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, felicitou o novo chefe de Estado num comunicado de imprensa, referindo-se à aliança "inquebrável" Seul-Washington.
O primeiro dia de Lee como Presidente e chefe das forças armadas deverá começar com uma reunião telefónica com o comando militar. Em seguida, como é tradição, Lee deverá apresentar os seus respeitos no Cemitério Nacional, onde repousam os veteranos da guerra da Coreia.
A meio do dia, está prevista uma cerimónia de tomada de posse sóbria na Assembleia Nacional.
O novo Presidente deverá também nomear rapidamente os principais membros da sua administração, incluindo o seu chefe de gabinete, o primeiro-ministro e o diretor dos serviços secretos.
A chegada ao poder de Lee, cujo Partido Democrático dispõe de uma ampla maioria no Parlamento, restabelece a normalidade institucional num país que ainda se ressente dos seis meses de caos político que se seguiram à tentativa de golpe de Estado de Yoon Suk Yeol.
Na noite de 03 para 04 de dezembro de 2024, o antigo presidente de direita, cujas iniciativas eram bloqueadas por uma Assembleia Nacional hostil, decretou subitamente a lei marcial, tendo voltado atrás algumas horas mais tarde, sob a pressão do Parlamento e de milhares de manifestantes.
Em consequência, foi destituído do cargo e acusado de "insurreição", um crime capital pelo qual está atualmente a ser julgado. Desde a sua suspensão, em dezembro, tem havido uma sucessão sem precedentes de presidentes interinos.
É expectável que Lee reforce agora os mecanismos de controlo institucional por forma a garantir uma maior responsabilização dos funcionários eleitos, criando medidas que impeçam a repetição do caos vivido pelo país nos últimos seis meses.
Para além das ameaças externas aos principais motores da economia sul-coreana, outro dos grandes desafios internos que Lee e as futuras lideranças do país enfrentam é o da taxa de natalidade, atualmente a mais baixa do mundo. Lee recebe nas mãos uma bomba demográfica que ameaça reduzir para metade a população do país até 2100.
No plano externo, para além dos direitos aduaneiros dos Estados e da China, Lee Jae-myung terá também de lidar com o seu vizinho norte-coreano, com quem as relações atravessaram um período de extrema tensão durante a presidência de Yoon, e que é um apóstolo da linha dura contra Pyongyang.
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