Um juiz federal bloqueou a decisão da administração liderada por Donald Trump de terminar com as proteções legais temporárias, que garantiram a mais de 1 milhão de haitianos e venezuelanos o direito de viver e trabalhar nos EUA.

A decisão do juiz distrital Edward Chen, de São Francisco, a favor do pedido para terminar com a medida, significa que 600 mil venezuelanos cujas proteções temporárias expiraram em abril ou cujas proteções estavam prestes a expirar a 10 de setembro têm estatuto para permanecer e trabalhar nos Estados Unidos.

Chen sublinhou que as ações da secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, de rescindir e anular três extensões de vistos concedidas pelo Governo anterior, excederam a sua autoridade legal e foram arbitrárias e caprichosas. O Departamento de Segurança Interna não respondeu imediatamente a um pedido de reação da agência Associated Press (AP).

No entanto, ainda na quinta-feira, cerca de 475 pessoas foram detidas durante uma operação de imigração numa fábrica automóvel sul-coreana, Hyundai, na Geórgia, nos Estados Unidos, de acordo com um responsável da Segurança Interna do país.

O agente especial responsável pelas Investigações de Segurança Interna, Steven Schrank, disse numa conferência de imprensa que a maioria das pessoas detidas era da Coreia do Sul. "Esta operação reforça o nosso compromisso com os empregos para georgianos e americanos", disse o agente.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Lee Jaewoong, descreveu o número de sul-coreanos detidos como "grande", embora não tenha fornecido um número exato. A Coreia do Sul manifestou "preocupação e pesar" com a operação de imigração dos EUA na fábrica com cerca de 1200 trabalhadores.

O Departamento de Segurança Interna referiu em comunicado que os agentes executaram um mandado de busca "como parte de uma investigação criminal em curso sobre alegações de práticas ilegais de emprego e outros crimes federais graves".

A operação de quinta-feira teve como alvo uma das maiores e mais importantes fábricas da Geórgia, anunciada pelo governador e outras autoridades como o maior projeto de desenvolvimento económico da história do estado.

A fábrica, que ocupa 12.000 metros quadrados, foi elogiada pelo governador da Geórgia, Brian P. Kemp, como o maior projeto de desenvolvimento económico da história do estado.

O Hyundai Motor Group, o maior fabricante automóvel da Coreia do Sul, começou a fabricar veículos elétricos há um ano na fábrica de 7,6 mil milhões de dólares (cerca de 6800 milhões de euros).

A administração do presidente Donald Trump realizou operações abrangentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA, como parte de uma agenda de deportação em massa.

Os agentes de imigração realizaram rusgas (operação policial inesperada) a quintas, canteiros de obras, restaurantes e oficinas mecânicas.

O Estatuto de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês) é uma designação que pode ser concedida pelo secretário de Segurança Interna a pessoas nos Estados Unidos, caso as condições nos seus países de origem sejam consideradas inseguras para o regresso devido a um desastre natural, instabilidade política ou outras condições perigosas.

As designações são concedidas por períodos de seis, doze ou 18 meses, podendo ser concedidas prorrogações enquanto as condições se mantiverem precárias. O estatuto impede que os titulares sejam deportados e permite-lhes trabalhar.

Pouco depois de assumir o cargo, Noem reverteu três prorrogações concedidas pelo anterior governo a imigrantes da Venezuela e do Haiti, o que motivou o processo.

Noem afirmou que as condições tanto no Haiti como na Venezuela tinham melhorado e que não era do interesse nacional permitir que os migrantes destes países permanecessem no país através de um programa temporário.

Milhões de venezuelanos fugiram da agitação política, do desemprego em massa e da fome. O país está mergulhado numa crise prolongada provocada por anos de hiperinflação, corrupção política, má gestão económica e um governo ineficaz.

O Haiti foi destacado para o TPS pela primeira vez em 2010, após um terramoto catastrófico de magnitude 7,0 que matou e feriu centenas de milhares de pessoas e deixou mais de 1 milhão de desalojados. Os haitianos enfrentam uma fome generalizada e violência de gangues.