
Na terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avisou os residentes de Teerão para abandonarem a capital iraniana e exigiu ao Irão que se rendesse sem condições.
Trump deixou na segunda-feira a cimeira do Grupo dos Sete no Canadá, de surpresa e um dia mais cedo do esperado, alegadamente para lidar com o conflito entre Israel e o Irão, esclarecendo enigmaticamente: "Não estou a olhar para um cessar-fogo. Estamos a pensar em algo melhor do que um cessar-fogo".
Instado a explicar-se, Trump disse que os Estados Unidos querem "um fim real" do conflito que pode envolver o Irão "desistir completamente". Em seguida, acrescentou: "Não estou com muita vontade de negociar".
Mais tarde, nas redes sociais, Trump avisou o líder supremo iraniano, Ayatollah Ali Khamenei, que os Estados Unidos sabem onde se esconde e apelou à "rendição incondicional" do Irão.
Trump anunciou ainda que Washington não tem planos para matar Khamenei, "pelo menos, não por enquanto", mas avisou que a "paciência dos Estados Unidos está a esgotar-se".
O inquilino da Casa Branca indicou que as conversações diplomáticas continuam a ser uma opção e anunciou que poderá vir a enviar o vice-presidente JD Vance e o enviado especial Steve Witkoff para se encontrarem com os dirigentes iranianos.
O Irão não deu qualquer resposta imediata às mensagens do Presidente, mas os chefes militares do país prometeram que Israel iria em breve assistir a mais ataques.
"As operações levadas a cabo até agora tiveram apenas o objetivo de alertar e dissuadir", afirmou o general Abdul Rahim Mousavi, comandante-chefe do exército iraniano, através de um vídeo. "A operação de punição será realizada em breve".
Trump e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, falaram sobre a evolução da situação por telefone na terça-feira, segundo fonte da Casa Branca, sob condição de anonimato, referenciada pela agência Associated Press.
O organismo de vigilância nuclear da ONU anunciou esta terça-feira que os ataques israelitas à principal instalação de enriquecimento de urânio do Irão, em Natanz, danificaram a principal instalação subterrânea de centrifugação, e não apenas uma instalação acima do solo, como anteriormente reconhecido.
Israel afirmou que o seu ataque foi necessário para impedir o Irão de se aproximar da construção de uma arma atómica.
O exército israelita fez saber esta terça-feira que matou o general Ali Shadmani, descrito como o mais alto comandante militar iraniano, informação que Teerão não comentou.
Shadmani era pouco conhecido no país antes de ser nomeado, na semana passada, para o cargo de Chefe de Estado-Maior, diretor do quartel-general central de Khatam al-Anbiya da Guarda Revolucionária paramilitar. A nomeação seguiu-se à morte do antecessor, general Gholam Ali Rashid, num ataque israelita.
O porta-voz militar israelita, Brigadeiro Effie Defrin, anunciou uma nova vaga de ataques na terça-feira à noite, quando explosões e fogo antiaéreo se fizeram ouvir em Teerão, abalando edifícios.
O exército israelita afirmou que os seus aviões de guerra tinham como alvo 12 locais de lançamento de mísseis e instalações de armazenamento. Mais tarde, a Força Aérea israelita anunciou que estava a realizar ataques em torno de Teerão, já na madrugada de hoje.
Também o Irão lançou esta madrugada uma nova vaga de bombardeamento, que incluiu a utilização de mísseis Fatah, descritos por Teerão como hipersónicos.
Israel não confirmou a utilização de mísseis hipersónicos pelo Irão.
As armas hipersónicas, que voam a velocidades superiores a Mach 5, colocam desafios cruciais aos sistemas de defesa antimíssil devido à sua velocidade e capacidade de manobra.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou que a sua embaixada em Jerusalém permanecerá fechada até sexta-feira devido à "atual situação de segurança e ao conflito em curso entre Israel e o Irão".
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