Israel bombardeou ontem os subúrbios do sul de Beirute, reduto dos libaneses xiitas do Hezbollah, naquele que foi o primeiro ataque após uma trégua de quatro meses e em resposta aos foguetes disparados contra o seu território.

O exército israelita tinha pedido a retirada de parte da população dos subúrbios, que foram bombardeados de forma intensa durante os dois meses de conflito entre Israel e o movimento libanês antes do frágil cessar-fogo, em vigor desde 27 de Novembro.

O ataque visou o bairro de Hadath, densamente povoado, com o exército israelita a divulgar que o alvo foi um depósito de drones.

Os militares acusaram o Hezbollah de "esconder sistematicamente as suas infraestruturas terroristas entre a população civil".

Pouco antes, o exército israelita tinha apelado aos habitantes de Hadath para abandonarem uma zona junto das "instalações do Hezbollah", apontando para um edifício vermelho num mapa.

Anteriormente, o exército tinha anunciado bombardeamentos contra alvos do Hezbollah no sul do Líbano, na fronteira com Israel, em resposta ao disparo de dois "projéteis", um dos quais intercetado enquanto o outro caiu em solo libanês. O Hezbollah negou estar na origem destes disparos.

Os ataques israelitas mataram pelo menos cinco pessoas em duas aldeias do sul do Líbano, segundo o Ministério da Saúde local.

O exército israelita afirmou ter "atingido os centros de comando do Hezbollah, as infraestruturas terroristas, as plataformas de lançamento e os terroristas".

O presidente libanês, Joseph Aoun, já anunciou a abertura de um inquérito e afirmou que "tudo indica" que "o Hezbollah não é responsável".

O exército libanês anunciou ter descoberto os lançadores de foguetes utilizados para atingir Israel, situados na margem norte do rio Litani, a zona de onde o Hezbollah se deve retirar por força do acordo de cessar-fogo, a cerca de trinta quilómetros da fronteira israelita.

O movimento anulou um comício previsto para hoje nos subúrbios do sul.

Trata-se da segunda vez, desde o início do cessar-fogo, que são disparados foguetes do Líbano em direção a Israel, a última das quais no passado dia 22.

O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ameaçou imediatamente: "Se não houver calma" no norte de Israel, "não haverá calma em Beirute".

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, avisou que Israel atacaria "em todo o Líbano contra qualquer ameaça".

Joseph Aoun, de visita a Paris, condenou "qualquer tentativa detestável de arrastar o Líbano de volta para um vórtice de violência".

O líder de Estado francês, Emmanuel Macron, denunciou os "ataques inaceitáveis", "em violação do cessar-fogo", e anunciou que iria manter conversações com o Presidente dos EUA, Donald Trump, e Netanyahu.

O Irão, principal apoiante do Hezbollah, manifestou o seu "repúdio por este ato criminoso do regime sionista, que constitui uma violação flagrante da integridade territorial e da soberania do Líbano".