
O Governo do Irão apoia os esforços do Líbano para pressionar Israel a acabar com a presença militar em partes do país, incluindo medidas diplomáticas "para expulsar os ocupantes", disse o chefe da diplomacia iraniana.
Abbas Araghchi, de visita a Beirute, acrescentou que o Irão espera manter relações com o Líbano baseadas no respeito mútuo, sob as novas circunstâncias no país após a guerra entre Israel e o movimento xiita libanês Hezbollah.
A visita de Araghchi ocorre depois de o principal aliado libanês do Irão, o Hezbollah, ter saído enfraquecido pela guerra de 14 meses com Israel, e na qual morreu grande parte da liderança política e militar do grupo apoiado por Teerão.
A visita é a primeira desde outubro, no auge da guerra entre Israel e o Hezbollah, que terminou um mês depois com um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos.
A guerra matou mais de 4.000 pessoas no Líbano, deslocou mais de um milhão e causou grande destruição, com o Banco Mundial a estimar que a reconstrução do país vai custar perto de 11.000 milhões de dólares (cerca de 9.660 milhões de euros).
Desde o fim da guerra, o comandante do exército Joseph Aoun foi eleito Presidente e o jurista e diplomata Nawaf Salam tornou-se primeiro-ministro. Tanto Aoun como Salam afirmaram repetidamente que apenas o Estado monopolizará o uso de armas no Líbano.
A visita também ocorre após o regime do ex-presidente sírio Bashar al-Assad ter sido destituído do poder em dezembro por um grupo rebelde que se opõe à influência do Irão na região.
Al-Assad era um dos aliados mais próximos de Teerão no mundo árabe e o país era um elo importante para o fluxo de armas do Irão para o Hezbollah.
Numa reunião, Aoun disse a Araghchi que Beirute deseja "fortalecer as relações entre os dois países", de acordo com fontes da Presidência libanesa.
Nas últimas décadas, o Irão financiou o Hezbollah com milhares de milhões de dólares e enviou todos os tipos de armas para o grupo libanês, que goza de grande influência na pequena nação mediterrânica.
Desde o fim da guerra entre Israel e o Hezbollah, as autoridades libanesas tomaram medidas rigorosas no aeroporto de Beirute para impedir o fluxo de fundos do Irão para o Hezbollah, e os voos de companhias iranianas para Beirute foram suspensos.
"Esperamos ter relações [com o Líbano] baseadas no respeito mútuo e na não interferência nos assuntos internos de cada país", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano aos jornalistas, no final de uma reunião com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, acrescentando que o Irão apoia um diálogo no Líbano entre grupos rivais.
O Irão condena a ocupação dos territórios libaneses "pela entidade sionista e apoia todos os esforços envidados pelo governo e pelo povo libanês para expulsar os ocupantes por qualquer meio, incluindo métodos diplomáticos", disse Araghchi, referindo-se aos cinco postos militares de que Israel se recusou a retirar no início deste ano.
As empresas iranianas estão prontas para participar na reconstrução do Líbano, se o Governo libanês assim o desejar, disse Araghchi.
Durante a estada em Beirute, Araghchi reuniu-se também com o homólogo libanês, Youssef Rajji, e discutiu as negociações em curso entre o Irão e os Estados Unidos sobre o programa nuclear de Teerão.