
Teerão está a acelerar o lançamento de mísseis e drones contra o território inimigo, como forma de retaliação pelos ataques israelitas e pela entrada dos norte-americanos na guerra, na madrugada de domingo. Esta segunda-feira de manhã o exército iraniano anunciou ter disparado “dezenas de drones unidirecionais com ogivas explosivas” contra Israel. A maioria dos projéteis disparados desde as primeiras horas do dia terão atingido com sucesso os alvos.
O porta-voz iraniano dos ataques de retaliação, Ebrahim Zolfaghari, afirmou numa declaração televisiva esta segunda-feira que a participação dos Estados Unidos, aliados de Israel, se destinava a “reavivar o moribundo regime sionista”, mas na verdade servirá para “alargar o âmbito dos legítimos e vários alvos das forças armadas iranianas e criar as bases para a expansão da guerra na região”.
Ebrahim Zolfaghari referiu-se ainda ao Presidente norte-americano, Donald Trump, como um “jogador [gambler]” e avisou: “Podes começar esta guerra, mas seremos nós a terminá-la”. Na última quinta-feira, Trump tinha dito que iria pensar sobre uma eventual intervenção dos EUA no conflito “nas próximas duas semanas”, no entanto, na madrugada de sábado para domingo, aviões norte-americanos bombardearam três instalações nucleares no Irão.
Poucas horas depois, no domingo, o Irão lançou cerca de 40 mísseis contra o norte e o centro de Israel, acusando os Estados Unidos de destruir as possibilidades de uma solução diplomática para a questão nuclear. Em conferência de imprensa no Pentágono, no mesmo dia, o secretário da Defesa norte-americano comentou que o seu país “não pretendia entrar em guerra” com o Irão, mas avisou que iria agir “rápida e decisivamente” caso os seus interesses fossem ameaçados.
O lançamento dos mísseis balísticos iranianos, no domingo, fez pelo menos 86 feridos e danificou “centenas de casas”, de acordo com o vice-presidente da câmara de Telavive. Foram atingidas zonas residenciais na capital israelita e na cidade central de Nes Ziona, relataram meios de comunicação locais.
Irão quer retaliar contra EUA
Teerão ainda está a ponderar as suas opções militares, tendo prometido uma retaliação contra os três ataques engendrados por Donald Trump no fim de semana. Responsáveis iranianos ameaçaram atingir bases militares norte-americanas na região. Abdolrahim Mousavi, o novo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, afirmou esta manhã que os EUA tinham violado a soberania do Irão quando atacaram as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, e também quando “entraram na guerra de forma clara e direta”.
“O criminoso EUA deve saber que, para além de punir a sua descendência ilegítima e agressiva, as mãos dos combatentes do Islão no seio das forças armadas foram libertadas para empreender qualquer ação contra os seus interesses e militares, e nunca recuaremos a este respeito”, afirmou Abdolrahim Mousavi, citado pela Al Jazeera, referindo-se a Israel. Alinhados com o Irão, os hutis, do Iémen, também prometeram juntar-se, lançando ataques marítimos caso os EUA entrassem na guerra ao lado de Israel.
Sirenes de alerta de ataque soaram na manhã desta segunda-feira em Israel e ouviram-se explosões sobre a cidade de Jerusalém, conforme testemunhou um jornalista da Agência France Presse (AFP). Os novos ataques com mísseis do Irão fizeram soar o alarme em várias zonas do centro e do norte de Israel, depois de os serviços de emergência terem recebido informações sobre a queda de projéteis.
Até ao momento não foram registadas vítimas. O exército israelita comunicou inicialmente ter detetado mísseis disparados do Irão contra o seu território, seguidos de uma nova salva de mísseis cerca de 20 minutos mais tarde. Foi o segundo ataque depois da meia-noite: durante a madrugada foram também acionados alarmes na cidade de Telavive e arredores, não tendo sido registados danos.