
"A maioria dos incidentes está relacionada com explosivos remanescentes de guerra, provenientes de conflitos passados. As minas antitanque no oeste [do país] também continuam a ser uma ameaça", disse a Missão Multidimensional Integrada de Estabilização da ONU na RCA (Minusca), num comunicado após uma conferência de imprensa conjunta com a responsável do UNMAS, Sophie Van Royen.
Só em 2025, já foram registados 35 incidentes, com 15 vítimas civis, enquanto a UNMAS já "neutralizou" seis engenhos explosivos e destruiu mais de 5 mil munições obsoletas.
O Governo centro-africano fez recentemente "progressos significativos" na luta contra as minas e para a próxima criação da Autoridade Nacional para a Ação contra as Minas (ANLAM), assegurou, na mesma conferência de imprensa, o tenente-coronel Edgar Ghazaka, que coordena estes esforços a nível nacional.
Um "roteiro nacional" para a aplicação da ANLAM foi criado em várias reuniões organizadas no ano passado, enquanto em dezembro último o Ministério da Defesa Nacional da RCA, com o apoio do UNMAS, finalizou um projeto de decreto presidencial para a criação da instituição.
Entretanto, o país apresentou este ano o seu primeiro "relatório de transparência" à Convenção sobre a Proibição de Minas Antipessoal, da qual é Estado Parte, e estará representado pela primeira vez nas reuniões interseccionais dos países signatários em Genebra, disse a Minusca.
A RCA tem sofrido uma violência sistémica desde o final de 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes de maioria muçulmana - a Séléka ("aliança" na língua Sango) - tomou a capital, Bangui, e derrubou o antigo Presidente François Bozizé após dez anos no poder (2003-2013), desencadeando uma guerra civil.
Atualmente exilado na Guiné-Bissau, Bozizé é alvo de um mandado de captura emitido por um tribunal patrocinado pela ONU na RCA por eventuais crimes contra a Humanidade.
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