A candidatura das Bijagós a Património Mundial recebeu parecer favorável para análise e decisão sobre a inclusão das exóticas ilhas da Guiné Bissau na lista UNESCO, o organismo das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação.

O anúncio foi feito pelo Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), o organismo público guineense que coordenou a candidatura entregue a 01 de fevereiro de 2024 à UNESCO, em Paris, França.

O Comité de Avaliação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) emitiu parecer favorável à candidatura, segundo o IBAP, o que significa que à segunda tentativa a Guiné-Bissau conseguiu cumprir com os requisitos exigidos para a análise do processo.

Uma primeira tentativa, feita há mais de uma década, tinha sido recusada pela Unesco.

Com o parecer favorável à nova candidatura, o Comité de Avaliação recomenda "oficialmente ao Comité do Património Mundial da UNESCO a inscrição direta do sítio como Património Natural Mundial".

A decisão final será anunciada dentro de pouco mais de um mês, na 47ª sessão do Comité do Património Mundial na sede da UNESCO em Paris, França, que decorre de 06 a 16 de julho.

A sessão é organizada com o apoio financeiro da República da Bulgária, mas será realizada em França a pedido das autoridades búlgaras.

O parecer favorável à candidatura foi recebido na Guiné-Bissau como "um importante passo rumo à inscrição na lista do Património Natural Mundial da UNESCO".

O comité que analisou o processo realçou, segundo o IBAP, o esforço coletivo da Guiné-Bissau, das instituições nacionais e dos parceiros nacionais e internacionais.

"Com destaque para o povo Bijagó na proteção e gestão sustentável do território, elogiando a abordagem comunitária e participativa como um exemplo notável de conservação", lê-se na publicação feita na página do Instituto na rede social Facebook.

A candidatura do "Ecossistema Marinho e Costeiro do Arquipélago dos Bijagós -- OMATÍ MINHÕ" concentra o propósito da elevação a Património Mundial em três das 88 ilhas dos Bijagós, que são parques naturais, concretamente João Vieira e Poilão, Orango e Urok e a ligação entre esses três parques.

A diretora-geral do IPAB, Aissa Regalla de Barros, explicou à Lusa, na preparação do processo, que as restantes ilhas representam a zona tampão do bem candidato à UNESCO, que reconheceu o conjunto dos Bijagós como Reserva Mundial da Biosfera em 1996.

Os responsáveis guineenses querem conquistar o estatuto de Património Mundial concentrando-se na zona mais relevante do ponto de vista da biodiversidade nas ilhas e ilhéus onde desovam tartarugas, habitam hipopótamos e se alimentam aves migratórias.

Esta candidatura a Património Mundial é, segundo disse, "muito mais robusta" que a indeferida em 2013. Foram trabalhadas as 12 recomendações anteriores da UNESCO em relação ao limite do bem candidato, ao estatuto jurídico, à governação, ao desenvolvimento de outros setores e das ameaças, assim como ao envolvimento de todas as estruturas guineenses no processo de elaboração do processo.

Os três parques naturais abrangidos são apontados como "a parte central da biodiversidade", como "zonas que permitem uma grande produtividade, que têm impactos além-fronteira".

Servem de "zona de alimentação para as aves que vêm de longe, às comunidades, às pescas", e permitem "a reprodução de um ciclo importante da biodiversidade ameaçada, como as tartarugas marinhas, tubarões e raias".

Estão, também, na rota migratória de aves do Atlântico Leste. O arquipélago dos Bijagós é uma parte do território marinho e costeiro da Guiné-Bissau, constituída por 88 ilhas e ilhéus, 20 das quais habitadas, numa extensão de 2,6 quilómetros quadrados, albergando cerca de 33 mil habitantes.