
André Ventura foi ao Palácio de Belém dizer que viabiliza o programa de governo, mas colocar-se de parte de entendimentos alargados com a AD, deixando claro que a sua estratégia é afirmar-se como alternativa. À saída do encontro com o Presidente da República, o presidente do Chega, repetiu várias vezes que o partido “foi eleito para liderar a oposição” e deve preparar uma alternativa - e deixar, por isso, que o PSD se entenda com o PS.
"O Chega não vai viabilizar a moção de rejeição que será discutida na Assembleia da República em relação ao programa de governo. Não permitiremos que soluções irresponsáveis e irrealistas criem uma nova crise política quando os portugueses querem estabilidade e querem um governo e um Parlamento operacionais e com capacidade de funcionar e de continuar a trabalhar e de apresentar soluções por Portugal", afirmou Ventura referindo-se à moção de rejeição do programa de governo que o PCP já anunciou que vai apresentar. Acrescentou, nessa lógica, que “não inviabilizará a entrada em funções do Governo”, sem esclarecer se votará a favor ou se se vai abster na votação do programa do Governo. “Na mesma expectativa que, no futuro, caso o Chega vença as legislativas, haja por parte dos outros partidos tolerância democrática e que quem vencer, deve governar”, sublinhou.
“Deixamos também claro ao Presidente da República o que já tínhamos garantido ao país: o Chega foi mandatado para ser o líder da oposição e vai exercer as funções com responsabilidade, procurando garantir ao país que há uma maioria pronta e alternativa para governar Portugal, quando e como essa situação se colocar”, disse o líder do Chega, descartando ser um “espelho do PS”, mas mostrando-se disponível para aprovar medidas que considere benéficas. Até recuperou uma frase de António Costa, que se demonstrou precoce, para vincar que não está disposto a colaborar com o PSD: “Habituem-se, porque há mesmo uma nova forma de fazer oposição.”
Sobre uma possível Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso Spinumviva, Ventura prefere, como o socialista José Luís Carneiro, esperar pelas conclusões do Ministério Público, mas “não põe de parte”. E quanto a José Pedro Aguiar Branco e aos cargos na Assembleia da República, esclareceu que “estão a existir conversas entre as bancadas parlamentares” e que “não é impossível chegar a um entendimento alargado em matéria da distribuição representativa” do Parlamento.